Dia muito intenso nas Nações Unidas
O embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU) argumentou esta segunda-feira que a invasão da Ucrânia aconteceu porque durante "muitos anos" este país "sabotou e desprezou" as suas obrigações para com as regiões de Donetsk e Lugansk. "A origem desta atual crise está nas ações da própria Ucrânia. Durante anos sabotaram e desprezaram as suas obrigações diretas relativamente ao pacote de medidas de Minsk. Até há pouco tempo, havia esperança de que Kiev reconsiderasse e cumprisse com o que assinaram em 2018", disse Vasily Nebenzya na reunião extraordinária Assembleia Geral das ONU.
O embaixador acusou os países do ocidente de terem permitido uma "perseguição e morte" aos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, assim como acusou a comunicação social e as redes sociais de "distorcerem" as ações russas: "Estão a propagar mentiras", afirmou.
A "operação militar" em curso, sustentou, tem como objetivo proteger os rebeldes nas regiões de Donetsk e Lugansk e garantiu que os ataques têm sido "cirúrgicos" de maneira a que não sejam atingidas escolas nem hospitais: "A ameaça são os nacionalistas ucranianos." "Devia haver diálogo entre Donetsk e Lugansk. Houve muitas provocações por parte da Ucrânia, mas a Europa deixou que os cidadãos de Lugansk se matassem a eles próprios". Na ótica de Nebenzya, a Rússia tem o direito de defender as pessoas destes territórios separatistas.
Embaixador ucraniano na ONU: "Se ele se quer matar, não precisa de utilizar arsenal nuclear"
Durante o discurso na Assembleia Geral das ONU, o embaixador da Ucrânia comparou as ações do regime de Vladimir Putin às do Terceiro Reich. "Isto não vos lembra alguma coisa? A mim também. Muitas semelhanças com a Segunda Guerra Mundial e as ações da Rússia são muito parecidas às do Terceiro Reich. Pela primeira vez desde a criação das Nações Unidas, há uma guerra no centro da Europa. Toda a gente no mundo sabe que a Rússia, apoiada pela Bielorrússia, é o único culpado por esta invasão", afirmou Sergiy Kyslytsya.
Mas o embaixador da Ucrânia foi mais longe nas palavras e sugeriu ao presidente da Rússia que faça o mesmo que Hitler fez: suicidar-se num bunker. "Se ele [Putin] se quer matar a ele próprio, ele não precisa de utilizar arsenal nuclear. Só precisa de fazer o que o outro tipo [Hitler] fez em Berlim em 1945."
Kyslytsya disse que se a Ucrânia não sobreviver a esta guerra, "a paz internacional também não vai sobreviver, a ONU não vai sobreviver - não se iludam". No entanto, deixou uma palavra de esperança: "Ainda podemos salvar a Ucrânia, a ONU, a democracia e ainda podemos defender os valores em que acreditamos".
No final do discurso, o embaixador lançou uma pergunta aos representantes de cada país presentes nesta reunião extraordinária: "Alguma vez alguém votou na admissão da Federação Russa nas Nações Unidas? Eu quero perguntar aos delegados: que países é que votaram nesta admissão? Levantem a mão, por favor". Por não ver movimentos na sala, Kyslytsya ironizou: "Ninguém? Devo pôr os meus óculos para ver melhor? É que eu não vejo nenhuma mão levantada".
"Eu vou deixar a questão no ar e pensem sobre isto quando ouvirem o representante russo." E termina o discurso.