Duas das exigências dificilmente passam no crivo de Volodymyr Zelensky
Um dos principais conselheiros de Vladimir Putin e um dos membros da comitiva russa que tem estado em negociações com a Ucrânia avisou que parar o conflito sem reais acordos de paz pode levar a um risco de guerra nuclear.
Mas este foi apenas um pequeno aviso colocado pelo meio das várias exigências que a Rússia tem para negociar, e que o principal rosto da comitiva de Putin agora desvendou.
Em entrevista à RT, Vladimir Medinsky, que tem estado entre Moscovo e Istambul para discutir a paz, referiu que os termos negociados agora são mais sérios do que os de 2022.
Assim, e segundo o próprio, a Rússia tem as seguintes exigências:
- Ucrânia recusar a entrada na NATO;
- A Igreja Ortodoxa e a linguagem russa devem existir na Ucrânia em termos igualitários;
- O reconhecimento dos resultados do referendo na Crimeia;
- Deixar em paz as duas regiões do Donbass que não querem fazer parte da Ucrânia.
“Finalmente chegámos a acordo pela primeira vez em Istambul. Preparámos um tratado, lembro-me como se fosse hoje: 19 páginas, muito detalhado. Até houve nuances para que as palavras se percebessem da mesma forma em russo, ucraniano e inglês. A 15 de abril o president Putin olhou para o tratado e fez uma ou duas correções. Ele é um advogado profissional”, acrescentou.
Será difícil de imaginar que a Ucrânia aceite todas estas condições, nomeadamente as concessões territoriais da Crimeia, mas também de Lugansk e Donetsk. Novidade é a ausência de Zaporizhzhia e Kherson destas palavras, já que também são duas regiões ucranianas parcialmente ocupadas pela Rússia e que foram anexadas ilegalmente por Moscovo em 2022.
Voltando atrás, precisamente a 2022, Medinsky acusa Volodymyr Zelensky de ter estado em silêncio por duas semanas depois de receber um documento da Rússia. Por essa altura recebeu as visitas de Boris Johnson, Joe Biden e outros líderes, segundo o russo.
O entendimento de Moscovo é que os ucranianos só não foram em frente com o acordo de paz porque os parceiros estrangeiros assim o disseram.
De resto, e sempre segundo o enviado de Putin, havia relutância nos olhos dos negociadores ucranianos em prosseguir a guerra e em enviar mais soldados para a morte.
Isto porque, segundo Medinsky, é a Ucrânia que precisa de continuar a guerra: “A Rússia não precisa de guerra, de todo. [A guerra] é necessária para a liderança da Ucrânia. Eles precisam de um inimigo permanente e de guerra para se manterem no poder para sempre”.