Macron chega-se à frente para proteger a Europa e as armas nucleares são o centro da discussão

14 mai, 13:01
Reunião entre europeus e Zelensky (AP)

Presidente francês faz três exigências para substituir o papel que os Estados Unidos não parecem querer continuar a ter

A União Europeia começa a perceber que pode mesmo estar sozinha na defesa do seu território. E é por isso que há quem se esteja a chegar à frente, tentanto robustecer a capacidade de dissuasão em relação à Rússia.

Um dos últimos esforços é do presidente de França, Emmanuel Macron, que deu novo passo retórico em relação ao homólogo russo, Vladimir Putin.

Em entrevista ao canal TF1, o presidente francês afirmou estar “pronto para abrir a discussão” sobre o envio de armas nucleares para outros territórios europeus.

O objetivo é garantir a defesa de França, claro, mas também dos seus aliados, nomeadamente aqueles que estão geograficamente mais próximos da Rússia.

É o caso da Polónia, um dos países que mais se tem apetrechado para uma eventual guerra, tanto que é o Estado-membro da NATO que mais gasta em Defesa. Mas França também admite estacionar armas nucleares na Alemanha e até em outros países, num sinal claro de dissuasão que, assim, se estende por todo o continente.

As palavras de Emmanuel Macron não são apenas um aviso à Rússia, mas também uma resposta aos Estados Unidos e, mais precisamente, ao seu presidente. É que Donald Trump parece pouco interessado em garantir a defesa da Europa, prevendo-se até que as Forças Armadas norte-americanas reduzam a sua presença no continente.

“Vou definir os meios [para as conversações sobre armas nucleares francesas] em termos oficiais nas próximas semanas ou meses, mas já começámos as coisas da forma que eu mencionei”, referiu Emmanuel Macron.

Mas para que esse envio de armas nucleares seja uma realidade, o presidente francês tem três condições: França não irá pagar pela segurança dos outros países; qualquer destacamento de armas nucleares francesas não pode diminuir a sua capacidade de defesa; qualquer decisão para utilizar as bombas ficará exclusivamente a cargo do próprio Emmanuel Macron.

Atualmente, e num cenário em que a Europa ainda está debaixo do guarda-chuva nuclear dos Estados Unidos, as bombas nucleares estão sob controlo norte-americano, ainda que estejam desenhadas para serem transportadas por aviões belgas, alemães, gregos, italianos, neerlandeses ou turcos.

Só que a reviravolta de Donald Trump pode deixar cair esse cenário, pelo que os países europeus têm de se virar para outro lado.

Emmanuel Macron, que preside um dos dois únicos países europeus com armas nucleares - o Reino Unido é o outro -, parece querer fazer de França um dos blocos.

“O momento que estamos a viver [na Europa] é de despertar geopolítico”, avisou o presidente francês, sublinhando que o continente foi construído, nos moldes que existem hoje, para privilegiar a paz e ligar economias e comércio. “Agora é sobre poder”.

O problema é que, apesar de ter armas nucleares, França não consegue garantir o mesmo nível de segurança, uma vez que tem muito menos armas e ogivas que os Estados Unidos.

Para já, e mesmo não havendo nada de concreto, o Kremlin já vai dando a sua resposta. “A proliferação de armas nucleares no continente europeu não vai acrescentar segurança, previsibilidade e estabilidade ao continente europeu”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

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