Finlândia pede a Trump que deixe Zelensky utilizar mísseis Tomahawk contra a Rússia

23 out, 14:21
Nesta imagem divulgada pela Marinha dos EUA, o contratorpedeiro de mísseis guiados USS Barry lança um míssil de cruzeiro Tomahawk a partir do Mar Mediterrâneo, em 29 de março de 2011 (US Navy/Getty Images/File via CNN Newsource)

Primeiro-ministro finlandês acredita que a Ucrânia deve igualar ou superar as capacidades militares da Rússia porque Moscovo é uma "ameaça permanente"

O primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo, insta Donald Trump a autorizar a Ucrânia a utilizar mísseis de cruzeiro Tomahawk, de fabrico norte-americano, contra alvos em território russo.  

Numa entrevista ao Politico, Petteri Orpo defende que a Ucrânia deve ser equipada de modo a igualar ou superar as capacidades da Rússia uma vez que “Putin só acredita no poder”. Deixou ainda o alerta de que a Rússia é uma “ameaça permanente” à segurança europeia e, como tal, o presidente dos Estados Unidos devia conceder à Ucrânia as armas de que precisa para se defender e levar Vladimir Putin à mesa de negociações. 

Apesar da pressão europeia, Trump tem hesitado em fornecer à Ucrânia os mísseis de longo alcance, mas não descarta a possibilidade. O presidente norte-americano alega que o uso dos Tomahawk exige “um ano de treino intenso”, visto que os mísseis são “altamente complexos”, e que isso representaria muito tempo de espera.  

Para Petteri Orpo, no entanto, o equilíbrio de forças é essencial para forçar o Kremlin a negociar, sublinhando: “Se queremos parar a guerra, temos de estar ao mesmo nível ou até mais fortes do que a Rússia.” 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, argumenta que a Rússia recuou na paz assim que Trump retirou os mísseis de cruzeiro da mesa e defende que Putin só demonstrou interesse em negociar quando Trump sugeriu permitir o uso dos mísseis norte-americanos.  

O apelo finlandês surge num momento em que Trump anunciou novas sanções “tremendas” contra as gigantes petrolíferas russas Rosneft e Lukoil, um passo que o presidente norte-americano descreveu como decisivo para pressionar Moscovo. “Esperamos que não durem muito tempo. Esperamos que a guerra seja resolvida”, afirmou Trump. 

A Finlândia, que partilha uma fronteira de 1.300 quilómetros com a Rússia, tem sido uma das vozes mais firmes na defesa de um apoio militar robusto à Ucrânia. O país ganhou influência junto de Washington depois de o presidente finlandês, Alexander Stubb, ter cultivado uma relação próxima com Trump no campo de golfe.  

Enquanto isso, os líderes europeus preparam-se para avançar com um plano de utilização dos ativos financeiros russos congelados, cerca de 140 mil milhões de euros para financiar um “empréstimo de reparação” à Ucrânia. França lidera o esforço para que o dinheiro seja gasto em armamento europeu, enquanto outros países, como a Suécia, defendem liberdade de escolha para Kiev. 

Petteri Orpo apoia uma abordagem coordenada: “Não acho que a liberdade total seja a melhor maneira. Nós concedemos empréstimos e, portanto, precisamos de fazê-lo em boa cooperação com a Ucrânia. Precisamos de saber que vão usar esta enorme quantia de dinheiro de maneira responsável.” 

O primeiro-ministro finlandês defende ainda que o investimento sirva para fortalecer a indústria europeia de defesa. “Espero que possam comprar cada vez mais armas à Europa”, diz, embora reconheça que a Europa não tem todas as capacidades e armas que precisam e por isso “também lhes deve ser permitido comprar aos EUA, se necessário”. 

Para Orpo, o envio de armas e a utilização dos ativos russos congelados enviariam uma mensagem inequívoca a Moscovo, que vai além dos mísseis Tomahawk: “Se conseguirmos encontrar uma solução para financiar fortemente a Ucrânia e uma solução a longo prazo utilizando os ativos congelados, será uma mensagem tão forte para Putin que ele compreenderá que não pode ganhar esta guerra. Isto pode ser um ponto de viragem.”

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