Biden autoriza Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance contra a Rússia

17 nov, 18:20
Volodymyr Zelensky em Izyum (Lusa/EPA)

A decisão do Presidente dos EUA não foi unânime e dividiu os seus conselheiros mais próximos. Biden quererá intimidar a Coreia do Norte, que enviou largos milhares de soldados para auxiliar Moscovo no ataque a Kursk. Trump, o Presidente eleito, não reagiu por agora

A menos de dois meses do fim do mandato na Casa Branca, o ainda Presidente norte-americano Joe Biden autorizou a Ucrânia a utilizar, pela primeira vez desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, mísseis de longo alcance de fabrico americano contra a Rússia.

Em causa estão os Sistemas Mísseis Tácticos do Exército, ou ATACMS, que podem ter um alcance superior a 300 quilómetros.

A notícia foi avançada este domingo pelo jornal "The New York Times", que cita uma fonte da Casa Branca. O jornal refere ainda que a decisão não foi unânime entre os conselheiros do Presidente. A decisão de Biden (que já havia permitido a utilização do sistema de rockets HIMARS em resposta aos avanços da Rússia em Kharkiv, em maio) surge em resposta à decisão de Moscovo de enviar tropas norte-coreanas, em grande escala, para a frente de guerra.

Há pelos menos 50 mil soldados, muitos deles norte-coreanos, preparados para atacar as tropas ucranianas hoje entrincheiradas em Kursk — território tomado em parte por Kiev em agosto. 

Segundo as autoridades norte-americanas citadas pelo “The New York Times”, o Presidente Biden não augura uma mudança no curso da guerra com a sua decisão, mas espera, sim, enviar uma clara mensagem à Coreia do Norte, evidenciando a vulnerabilidade dos militares no terreno e recuando, assim, Pyongyang no envio de mais tropas. 

Numa primeira fase, espera-se que a Ucrânia faça uso dos novos mísseis em Kursk, onde está a ser mais ameaçada pelas presença russa e norte-coreana, embora Joe Biden não tenha colocado restrições à utilização dos ATACMS noutros locais. 

A decisão de Joe Biden pode resultar, contudo, como admitem algumas autoridades dos EUA ao “The New York Times”, numa retaliação violenta e em grande escala de Vladimir Putin, tanto contra a Ucrânia, como contra os EUA e demais forças aliadas de Volodymyr Zelensky.

Uma opinião que, explica o jornal, não foi unânime, considerando muito conselheiros de Biden que são medos infundados. O Pentágono, por exemplo, sempre foi contra este hipotético (agora consumado) envio, por defenderem que o o Exército dos EUA tinha suprimentos limitados. 

A futura administração norte-americana, liderada por Donald Trump, ainda não reagiu à notícia, mas embora não seja conhecido o plano de Trump para resolver o conflito na Ucrânia “em 24 horas”, é pelo menos já conhecida a intenção do vice-presidente JD Vance de permitir a Moscovo manter o território ucraniano já tomado e ocupado pelas suas forças.

A Ucrânia, por sua vez, espera poder “trocar” alguns desses territórios pela região de Kursk. No entanto, um avanço russo (e norte-coreano) em Kursk retiraria qualquer poder negocial a Zelensky. Os novos mísseis de longo alcance poderão mudar este cenário .

E.U.A.

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