Portugal dá 50 milhões de euros para a compra de armamento aos EUA que vai ser utilizado pela Ucrânia

CNN Portugal , MCC; atualizado às 16:42
15 out, 15:31
Volodymyr Zelensky e Luís Montenegro durante a visita do presidente da Ucrânia a Portugal (Lusa)

Contribuição portuguesa insere-se na nova iniciativa da NATO que visa reforçar o apoio militar a Kiev. Montante já está incluído no pacote total de 221 milhões de euros comprometido para este ano.

Portugal vai investir 50 milhões de euros na aquisição de armamento aos Estados Unidos da América, destinado a ser entregue à Ucrânia no âmbito de uma nova iniciativa de apoio coordenada pela NATO.

O anúncio foi feito esta quarta-feira, em Bruxelas, pelo ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, após uma reunião ministerial no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

“Anunciámos que vamos investir 50 milhões de euros no PURL [Iniciativa das Necessidades Prioritárias da Ucrânia]”, declarou Nuno Melo, acrescentando que o valor já está incluído nos 221 milhões de euros de apoio que Portugal se comprometeu a disponibilizar a Kiev em 2025. “Não haverá, por isso, dinheiro adicional para o próximo ano”, sublinhou.

Investimento com retorno nacional

Além desta contribuição, o ministro confirmou que Portugal irá investir mais 10 milhões de euros na iniciativa britânica de drones, um projeto que, segundo Nuno Melo, acaba por beneficiar também a indústria de defesa nacional, uma vez que parte da produção é feita em território português.

“Apesar de ser uma iniciativa britânica, tem recaído invariavelmente na produção de drones nacionais. É um investimento também na nossa indústria”, explicou o governante.

Questionado sobre o facto de os países europeus estarem a comprar armamento aos Estados Unidos, Nuno Melo respondeu que a prioridade é a rapidez.

“A Ucrânia tem necessidades urgentes de armamento que, em muitos casos, não é fabricado com essa urgência na Europa. O importante é que a Ucrânia tenha os equipamentos de que necessita para vencer a guerra.”

A iniciativa da NATO — que conta já com 16 países aliados comprometidos — pretende agilizar o fornecimento de material militar a Kiev, especialmente numa altura em que se aproxima o inverno e se intensificam os ataques russos a infraestruturas energéticas ucranianas.

Para além de Portugal, outros países também revelaram quanto iriam comprar aos EUA. A ministra da Defesa da Lituânia, Dovile Sakaliene, informou que o país vai comprar 25,7 milhões de euros em armamento para a Ucrânia. O seu homólogo estoniano, Hanno Pevkur, disse que a Estónia vai, por seu turno, contribuir com 10,3 milhões em armamento para Kiev.

Rutte avisa Moscovo: "A NATO está pronta"

Antes da reunião, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deixou um aviso direto à Rússia.

“A Organização do Tratado do Atlântico Norte é muito mais forte do que a Rússia. Está tudo pronto para responder a qualquer violação intencional.”

Rutte rejeitou que abater aeronaves russas seja a única forma de dissuasão, lembrando que intercetar e escoltar os drones ou aviões russos para fora do espaço aéreo da Aliança também faz parte da estratégia defensiva.

O responsável frisou ainda a cooperação crescente entre a NATO e a União Europeia, sublinhando que não há duplicação de esforços:

“A NATO é boa nas coisas pesadas, armamento e estratégia militar, enquanto a União Europeia tem um enorme ‘soft power’. Essa combinação é crucial para que a Rússia não prevaleça.”

Washington reforça aposta na "paz através da força"

O secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou que mais armamento norte-americano vai chegar à NATO e reafirmou a estratégia de “paz através da força”, uma máxima herdada da administração de Donald Trump.

“Alcançamos a paz quando somos fortes, não quando usamos palavras fortes ou abanamos o dedo”, afirmou Hegseth à entrada da reunião, acrescentando que o Departamento da Guerra (novo nome do antigo Departamento da Defesa) “está preparado para fazer a sua parte”.

Segundo o responsável, o objetivo é que os países europeus da NATO adquiram armamento americano para equipar a Ucrânia, acelerando a resposta no terreno e mantendo a pressão sobre Moscovo.

“Acho que o mundo está a ver que o presidente Trump é um presidente da paz, que procura a paz apoiando os países que querem a paz”, afirmou Hegseth.

Reforço da NATO antes do inverno

A reunião de ministros da Defesa dos 32 Estados-membros da NATO decorre em Bruxelas, com a participação do ministro ucraniano da Defesa e da alta representante da diplomacia europeia, Kaja Kallas.

O encontro tem como principal objetivo avaliar o reforço do apoio militar a Kiev, as novas ameaças russas e as lições aprendidas após quase quatro anos de guerra, num momento em que as linhas de frente permanecem praticamente inalteradas e as condições no terreno se degradam com a chegada do inverno.

Governo

Mais Governo