Os comboios britânicos vão parar: vem aí uma greve de 40 mil trabalhadores, a maior dos últimos 30 anos

20 jun 2022, 23:32
Estação de Waterloo, Londres (Tony Hicks/AP)

A greve durará três dias e afetará milhões de passageiros

Esta semana vai ser marcada por uma greve histórica. Histórica e de grande dimensão: 40 mil trabalhadores dos transportes (pessoal de limpeza, de sinalização, da manutenção e dos serviços) vão participar naquela que é a maior greve ferroviária dos últimos 30 anos no Reino Unido.. 

É uma greve classificada pelo ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps, como “totalmente errada”, que causará uma “miséria total”. Isto porque milhões de pessoas utilizam diariamente comboios no Reino Unido.

"Convocaram uma greve que incomodará milhões esta semana. É totalmente errado, totalmente injusto", afirmou Shapps.

A decisão foi comunicada depois do fracasso nas negociações para o aumento dos salários e por melhores condições, entre a rede nacional de transportes, RMT, e o governo: é pedido um aumento salarial de 7% para fazer face à inflação.

Mick Lynch, secretário-geral da RMT, culpou Grant Shapps de cortar fundos de financiamento para os transportes públicos em milhares de milhões de libras, afirmando que o governo quer fazer cortes nos empregos. Também mencionou Rishi Sunak, ministro das Finanças, dizendo que "as impressões digitais de Grant Shapps e o ADN de Rishi Sunak estão em todos os problemas na ferrovia".

Várias são as opiniões acerca da greve. Louise Haigh, do Partido Trabalhista defendeu que "queremos que os passageiros não tenham interrupções, mas é claro que entendemos e apoiamos os direitos dos trabalhadores ferroviários de lutar por um acordo de pagamento justo".

Por sua vez, Andrew Haines, chefe executivo da Network Rail, afirmou que "nenhuma greve é ​​inevitável até o momento em que começa, infelizmente a interrupção de amanhã é garantida, por isso estamos a pedir aos passageiros que planeiem com antecedência e só viajem de comboio se necessário".

As declarações de Boris Johnson

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, descreveu a greve como sendo um "ato de automutilação para os trabalhadores ferroviários", mencionando os problemas que serão causados pela paragem.

"As crianças nas escolas correm o risco de interromper os exames, os passageiros podem ter de renunciar a ida ao escritório e as famílias que desfrutam de um dia de verão na cidade enfrentarão uma interrupção", disse ao Evening Standard.

Um desenvolvimento desta situação poderá ocorrer esta semana, uma vez que o governo britânico elaborou um plano para revogar a proibição dos trabalhadores temporários poderem ser contratados para substituir os grevistas.

Uma greve que pode ser o início de muitas

O governo teme que estas greves possam ser apenas o começo de conflitos com classes trabalhadoras, sendo que outros trabalhadores, como professores, poderão mobilizar-se para paralisações ainda este ano. 

Mark Serwotka, da União de Serviços Públicos e Comerciais, o maior sindicato que representa os funcionários públicos britânicos, declarou à Sky News que os professores estão a analisar possíveis greves no outono- "Veremos altos níveis de ação industrial, a não ser que o governo reconheça que não se pode esperar que os trabalhadores da linha de frente do setor público, que mantiveram o país a funcionar durante a pandemia, tenham um aumento salarial de 2% quando a inflação está acima de 11%."

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