Governo diz que morte que "podia ter sido evitada" deve-se "alegadamente" a "dois profissionais" do INEM e não "à greve"

25 jun, 20:26
Com 19 anos e quase 500 mil quilómetros, a ambulância do INEM de Tondela está na oficina há 3 semanas

Caso aconteceu durante greve do INEM no ano passado. Inspeção diz que a morte podia ter sido evitada. INEM já abriu inquérito aos técnicos envolvidos

O Governo sublinha que a morte de um homem de 53 anos que esteve uma hora e cinquenta minutos à espera de assistência do INEM deve-se "à falta de zelo, de cuidado e de diligência" de "dois profissionais em concreto que intervieram no processo de socorro" e não "à existência de greve no INEM". "Sobre esses comportamentos, o relatório [da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde] refere que os profissionais 'não atua[ram] segundo as boas práticas da emergência médica' e se lhes 'exigia outra atitude mais célere e expedita', em concreto na triagem e 'despacho de meios'. Em resumo, as causas das falhas no socorro deste caso terão, alegadamente, sido comportamentos individuais subsequentes ao atendimento da chamada de emergência e não à greve do INEM", diz um comunicado do Ministério da Saúde enviado esta quarta-feira.

O caso aconteceu durante a paralisação do INEM em outubro e novembro de 2024, fase em que morreram 12 pessoas. Dessas 12 mortes, a IGAS afirma que uma podia ter sido evitada. A pessoa em causa tinha 53 anos, morreu por enfarte agudo do miocárdio, mas “este desfecho fatal podia ter sido evitado caso tivesse havido um socorro num tempo mínimo e razoável” do INEM. A conclusão é da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que confirma assim que pelo menos uma das 12 mortes ocorridas em outubro e novembro de 2024 durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar - e que estão a ser investigadas - esteve relacionada com os atrasos verificados no organismo naqueles dias. 

Este caso que a IGAS considera que podia ter sido evitado é relativo a um homem de Pombal e ocorreu a 4 de novembro - dia em que no INEM se acumularam duas greves e que em alguns períodos do dia mais de 70% das chamadas de socorro ficaram por atender.

O INEM vai instaurar processos disciplinares aos dois técnicos identificados no relatório da IGAS como os responsáveis pelo atraso do socorro a uma vítima que acabou por perder a vida. 

 

COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (NA ÍNTEGRA)

Têm sido divulgadas, nos últimos dias, conclusões sumárias de relatórios de auditorias da Inspeção Geral de Atividades de Saúde a eventuais atrasos no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM nos primeiros dias de novembro de 2024, procurando apurar relações causais com mortes de utentes. Cumpre, antes de mais, afirmar que todas as mortes, Independentemente das respetivas causas, são de lamentar profundamente.

Quanto à imputação de causalidade:

• Em dois relatórios a IGAS terá concluído não existir causalidade entra as mortes e um alegado atraso no socorro do INEM.

• Em um outro relatório, hoje noticiado, a IGAS terá concluído que a morte do utente em causa “poderia ter sido evitado caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo razoável”. Contudo, segundo a versão do relatório conhecida, a eventual demora na chegada do socorro do INEM, e ao contrário do que foi aventado por alguns, não é atribuída à existência de greve no INEM, nem sequer a uma demora no atendimento da chamada pelo CODU. Segundo essa versão do relatório da IGAS, as causas da demora serão outras, alegadamente relacionadas com alegada “falta de zelo, de cuidado e de diligência” de dois profissionais em concreto que intervieram no processo de socorro. Sobre esses comportamentos, o relatório refere que os profissionais “não atua[ram] segundo as boas práticas da emergência médica” e se lhes “exigia outra atitude mais célere e expedita, em concreto na triagem e “despacho de meios”. Em resumo, as causas das falhas no socorro deste caso terão, alegadamente, sido comportamentos individuais subsequentes ao atendimento da chamada de emergência, e não a greve do INEM.

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