Adesão à greve da função pública ronda os 60%. Na CP, a paralisação suprimiu mais de 60 % dos comboios previstos até às 10:00
A adesão à greve desta sexta-feira está a condicionar serviços em todo o país, com comboios parados, escolas fechadas, consultas e cirurgias adiadas. As duas greves, marcadas para o mesmo dia por sindicatos diferentes, acabam por deixar o país a meio gás.
Na função pública, a adesão ronda os 60%, valor que o sindicato que convocou a paralisação considera ser "satisfatório", explicando que há escolas fechadas, outras a meio gás e outras a funcionar em pleno.
Em declarações à Lusa, Hélder Sá, da Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesinap), apontou apenas dados recolhidos em Oeiras, distrito de Lisboa, e em todo o distrito do Porto.
O sindicalista admitiu que a adesão à greve não é a que o sindicato desejaria. O sindicalista sublinhou que “ainda é cedo”, lembrando que, nas escolas, “há muitos funcionários que entram às 10:00 e garantem o serviço até ao final do dia - situação que pode fazer subir estes números”.
Os trabalhadores da função pública cumprem hoje uma greve de 24 horas e a saúde e a educação devem ser os setores mais afetados.
No caso dos hospitais, há serviços mínimos decretados, como é obrigatório por lei.
A paralisação, que dura até às 23:59, abrange a administração central, regional e local.
Suprimidos mais de 60 % dos comboios previstos até às 10:00
A greve dos maquinistas da CP - Comboios de Portugal levou à supressão de 274 comboios dos 412 programados (66,5%) entre as 00:00 e as 10:00, segundo dados enviados pela empresa à agência Lusa.
Segundo a transportadora, nos urbanos de Lisboa estavam programados 190 e foram suprimidos 129. Já nos comboios urbanos do Porto foram suprimidos 49 dos 85 programados.
Quanto aos comboios de longo curso estavam programados 25, foram suprimidos 19 e realizaram-se seis.
Nos comboios regionais foram suprimidos 70 dos 101 programados.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) convocou uma greve geral face à ausência de clarificação do Governo sobre relação entre sinistralidade ferroviária e taxa de álcool destes trabalhadores e para exigir condições de segurança adequadas.
Em causa estão as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, após o Conselho de Ministros de 14 de novembro, quando afirmou que “não é muito conhecido, mas Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem" e tem "um desempenho cerca de sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus”.
O Governo aprovou uma proposta de lei que reforça “as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”, referiu ainda o ministro.
“Estando Portugal numa das piores situações em termos de nível de acidentes, tem do quadro contraordenacional mais leve e mais baixo da Europa”, referiu então o governante.
No dia em que emitiu o comunicado sobre a greve, o SMAQ adiantou que não obteve qualquer resposta à exigência feita ao ministro para que clarificasse e retificasse publicamente as declarações.
Na quinta-feira, em comunicado, o Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) anunciou que vai avançar com várias medidas para reforçar a segurança ferroviária, que disse darem resposta às reivindicações dos maquinistas.
Na nota, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, lamenta a decisão do SMAQ em manter a greve geral de maquinistas para hoje, “que terá um impacto negativo na circulação de comboios e consequentemente na vida de milhares de cidadãos que utilizam o transporte público”.