Professor de Viana do Castelo que fez greve de fome alvo de processo disciplinar. "A minha cabeça estava a prémio"

30 mai 2023, 19:32
"Não estou nada arrependido. Só um bocadinho cansado". Professor de Viana do Castelo termina greve de fome e é internado

Luís Sottomayor Braga esteve vários dias em greve de fome, no mês de abril, em defesa da escola pública. O motivo do processo disciplinar não estará diretamente relacionado com o protesto que levou a cabo

Luís Sottomayor Braga, o professor de Viana do Castelo que esteve cinco dias em greve de fome, em abril deste ano, está a ser alvo de processo disciplinar. Isso mesmo anunciou nas redes sociais esta terça-feira. Em declarações à CNN Portugal, Luís Sottomayor Braga disse estar convencido que o motivo não estará diretamente relacionado com o protesto que realizou em abril, embora não saiba qual o motivo da ação disciplinar, por esta ser de cariz secreto.

“O motivo não é a greve de fome. Muito estranharia que o fosse. Mas, na minha opinião, é muito oportuno que eu agora apareça com um processo disciplinar”, considerou.

“Ter um processo disciplinar não é estar condenado. Mas, durante 18 meses, a minha vida vai estar suspensa deste processo e vou ganhar para pagar a minha defesa neste processo. Se for condenado não sei exatamente qual será a pena. Mas sei, à partida, que eu, que potencialmente podia ser diretor deste agrupamento, não vou poder concorrer”, acrescentou.

Em conversa telefónica com a CNN Portugal, Luís Sottomayor Braga reiterou o que escreveu num post do Facebook esta terça-feira à tarde: havia pressões sobre o diretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira para o demitir de funções: “Afinal as pressões e discurso ao diretor da minha escola, pelo senhor delegado regional tinham mesmo razão de ser e a ‘minha cabeça estava a prémio’, como o senhor diretor da minha escola me afirmou (com testemunhas) que lhe foi dito que estava. Chegou-me hoje o prémio.”

Luís Sottomayor Braga revela ainda que se demitiu das funções de vice-diretor do agrupamento, numa carta enviada ao diretor do agrupamento, a 15 de maio, por sentir falta de apoio e de solidariedade da parte do superior.

Menos de uma semana antes, Sottomayor Braga já tinha enviado ao diretor uma carta a pedir explicações acerca dessa falta de solidariedade. O professor cita uma conversa telefónica a parte da qual assistiu, em que o Delegado Regional de Educação do Norte terá dito ao diretor do Agrupamento de Escolas da Abelheira que o comportamento dos professores que saíram a meio de uma prova de aferição, no dia 5 de maio, para cumprir o dia de greve distrital era “indigno” e se referiu aos professores em protesto como “radicais que estão nesta escola a estragar o nome dela e a prejudicar a imagem do senhor diretor”. Além disso, o Delegado Regional de Educação do Norte terá “aproximado” a greve desse dia 5 de maio à greve de fome que fez umas semanas antes.

Luís Sottomayor Braga alega que, perante as declarações do Diretor Regional de Educação, não houve qualquer reação de contestação por parte do diretor.

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