Quase 6.000 pessoas assinaram petição a pedir solução mediada para diferendo entre agricultor em greve de fome e Estado

Agência Lusa , MM
6 out 2022, 18:36
Luís Dias está há 11 dias em frente à residência do primeiro-ministro. É a terceira vez que o agricultor avança com ação de protesto

Luís Dias está em greve de fome há 29 dias. Já foi duas vezes hospitalizado, tendo regressado ao protesto no jardim junto à residência oficial de António Costa

Perto de 6.000 pessoas assinaram uma petição a pedir ao primeiro-ministro que promova uma reunião com os agricultores Luís Dias, em greve de fome há 29 dias, e Maria José Santos, concretizando o processo de mediação pela Provedoria de Justiça.

No documento, que contava com 5.990 assinaturas às 17:15 desta quinta-feira, os peticionários afirmam que “têm seguido com preocupação” a greve de fome promovida pelo agricultor Luís Dias, junto à porta da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, em Lisboa, onde se encontra numa tenda há mais de 27 dias.

Os subscritores reclamam “uma solução mediada” para o diferendo que opõe Luís Dias ao Ministério da Agricultura no caso da Quinta das Amoras, em Idanha-a-Nova.

“Não cabe aos peticionários julgar o diferendo na praça pública nem determinar os remédios adequados. Mas não deixamos de ser sensíveis à situação humanitária do agricultor Luís Dias e à existência de erros, omissões e responsabilidades do Estado no processo, documentados em relatório da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território”, lê-se na petição.

Pelo exposto, afirmam, “vimos por este meio rogar a V. Exa. que a situação humanitária impõe, promova uma reunião com os agricultores Luís Dias e Maria José Santos e concretize o processo de mediação pela Provedoria de Justiça anunciado em janeiro deste ano”.

Desde que iniciou a greve de fome, o agricultor Luís Dias já foi duas vezes hospitalizado, tendo regressado ao protesto no jardim junto à residência oficial de António Costa.

Numa mensagem divulgada hoje na rede social “Twitter”, o agricultor disse que foi “novamente para o hospital” na quinta-feira, onde já tinha estado na semana anterior.

“Já tive alta e voltei para o protesto. Bem sei que se preocupam, mas não desisto, não posso. Soube que puseram a correr a petição (…), que no fundo não é mais do que o acordado em janeiro. Obrigado a todos”, escreve na mensagem o agricultor, que reclama fundos comunitários para os terrenos que foram destruídos por tempestades.

Em declarações à agência Lusa, Maria José Santos, sócia no projeto agrícola, que se encontra junto do agricultor, disse que Luís Garcia “está estável”, após ter ido duas vezes ao hospital.

Agora, disse, “está um bocadinho melhor”, mas à medida que o tempo passa vai-se sentindo “cada vez mais fraco como hoje”, porque tem estado sempre a falar com pessoas que se deslocam ao local do protesto.

O proprietário agrícola já tinha estado em greve de fome em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, um protesto que durou cerca de 30 dias e terminou a 06 de junho de 2021, após receber a visita de apoiantes e de falar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na altura, o agricultor, de 49 anos, disse que se encontrava em greve "contra a indiferença destrutiva do Estado", que alega ter prejudicado o seu projeto agrícola.

Em janeiro deste ano, Luís Dias anunciou que iria voltar a fazer greve de fome, acusando o Governo de "extrema má-fé", após ter sido recebido pelo Ministério da Agricultura, mas ficou apenas um dia junto à residência oficial em São Bento porque, contou Maria José Santos, “o gabinete do primeiro-ministro apressou-se em os receber”.

“E depois de nos dizer que ia haver mediação, ficámos à espera da mudança de Governo (…) e continuámos à espera do processo de mediação até hoje. E como o Governo já agiu desta forma inúmeras vezes connosco é por esse motivo que o Luís diz que não sai daqui”, lamentou.

Maria José Santos avisou que, “ou existe uma mediação a sério ou então não vale a pena”.

“A mediação que queremos, é que deem razão seja a quem for, mas que aconteça em tempo útil, porque o tempo útil está a esgotar-se”, considerou.

“São oito anos e uma quinta tem plantas que foram morrendo porque o tempo passa e se as coisas não são feitas, as coisas desaparecem e o investimento todo desaparece”, lamentou ainda.

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