Regulador britânico emite alerta público para a potencial perda de eficácia de contracetivos orais durante o uso de fármacos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro
A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido emitiu um alerta sobre contracetivos e medicamentos usados para a perda de peso após receber dezenas de relatos de gravidezes ocorridas durante a toma de fármacos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.
Em todos os casos, tratou-se de uma gravidez não planeada em mulheres que estavam a tomar estes medicamentos ao mesmo tempo que usavam métodos contracetivos orais, como a pílula. Ao todo, foram registadas 40 situações de gravidez inesperada, associada ao uso destes medicamentos, segundo o regulador britânico.
Estes medicamentos são administrados por injeção e contêm uma substância que imita uma hormona natural chamada GLP-1. Esta hormona é normalmente libertada pelo intestino depois das refeições e tem um papel importante na regulação do apetite e dos níveis de açúcar no sangue. Ao imitar o GLP-1, os medicamentos ativam os mesmos recetores que a hormona natural, desencadeando efeitos semelhantes: ajudam a reduzir o apetite, fazem com que o estômago esvazie mais lentamente (o que prolonga a sensação de saciedade) e estimulam a libertação de insulina, ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue. Foi com base nestes efeitos que estes fármacos começaram a ser usados não só no tratamento da diabetes tipo 2, mas também na perda de peso.
No entanto, este mesmo mecanismo - especialmente o atraso no esvaziamento gástrico - pode interferir na absorção de contracetivos orais. Se a pílula não for absorvida corretamente, pode não funcionar como devia, aumentando o risco de gravidez. Além disso, a perda de peso pode, por si só, propiciar uma gravidez, uma vez que pode afetar o ciclo hormonal e, consequentemente, uma desregulação no ciclo menstrual, podendo, mediante determinadas circunstâncias, originar as condições ideais para engravidar.
O regulador britânico recomenda que todas as mulheres em idade fértil que tomem estes medicamentos utilizem métodos de contraceção adicionais, como o preservativo, além da pílula, e aconselha, também, que continuem a usar proteção extra durante o tratamento e até dois meses após a interrupção da medicação, já que os efeitos destes fármacos no organismo podem prolongar-se, mesmo que já não estejam a ser tomados.