A TVI/CNN Portugal falou em exclusivo com o viúvo da mulher grávida que morreu após ter sido transferida de hospital. O homem de 35 anos diz que o hospital não justificou a transferência com a falta de vagas e nega o quadro de hipertensão arterial declarado no relatório hospitalar. Garante que a gravidez estava a correr normalmente
Ainda em choque com a morte da mulher, Satgur Singh apenas procura respostas. Em entrevista à TVI/CNN Portugal, assistida por um intérprete, o homem lamenta: "Estou mal porque estou a viver duas situações difíceis: a morte da minha mulher e a minha bebé internada".
Satgur veio para Portugal há 15 dias com a mulher de 34 anos. A ideia era o primeiro filho do casal nascer aqui. Uma gravidez que decorria normalmente, por isso Satgur nega e nem sequer compreende o quadro de hipertensão arterial declarado no relatório do hospital.
“Ela não estava a sofrer de qualquer problema, era uma grávida normal. Ela às vezes sentia dores de cabeça, mas nada de pressão arterial", afirmou, reiterando que nem nunca referiram este quadro ao médico: “O médico nunca perguntou sobre isso e nunca falou sobre isso"
Satgur garante que a gravidez da mulher foi acompanhada por médicos antes de virem para Portugal, quando ainda estava na Sérvia.
“Foi acompanhada desde o início, fez vários exames durante a gravidez e nada nos relatórios”, indicou, prosseguindo: “Nos relatórios, nunca houve indicação de qualquer complicação de saúde, apenas que o bebé era pequeno"
O relato da ida ao hospital
Tudo aconteceu na noite de segunda-feira, quando a mulher se começou a sentir mal. “Estávamos no hotel e ela começou vomitar e a sentir-se mal. Chamei uma ambulância, mas esta não chegava. Tentei ligar três vezes e fui de táxi”.
O casal entrou pelos próprios meios no hospital de Santa Maria já na madrugada de terça-feira. Foi a primeira vez que recorreu a uma unidade hospitalar em Portugal.
Satgur diz que só foram alertados para a transferência para o hospital S. Francisco Xavier 12 horas após terem entrado. Hoje sabe-se que o hospital Santa Maria não tinha vagas, mas Satgur diz que nunca foi informado.
Homem usou Google Tradutor para comunicar com os médicos
Na entrevista, o homem afirmou que a barreira linguística “não foi um problema” porque usou o Google Tradutor: “Não foi um enorme problema, mas tornou as coisas mais difíceis porque não tinha ninguém que falasse a mesma língua que eu".
Na transferência, a mulher sofreu uma paragem cardiorrespirarória durante 17 minutos. Já no hospital S. Francisco Xavier, e ainda durante as tentativas de reanimação, foi realizada uma cesariana de emergência. A mulher entrou em coma profundo.
“Não tive palavras quando percebi que ela morreu. Não consigo expressar o que sinto", lamentou.
O homem garante que não pretende processar o hospital, mas urge que precisa de perceber o que aconteceu.