"Assassino!": segundo dia de julgamento do homicídio de grávida da Murtosa marcado por momentos de tensão entre a família e o arguido

Agência Lusa , BCE
20 mai, 19:19
Paradeiro de Mónica Silva desconhecido há três meses, Fernando Valente continua o único suspeito

Julgamento está a decorrer à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas

O segundo dia do julgamento do homicídio de uma mulher grávida da Murtosa, que decorreu esta terça-feira no Tribunal de Aveiro, foi preenchido com a inquirição ao inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que liderou a investigação.

Num comunicado divulgado ao final da tarde, o juiz presidente da Comarca de Aveiro refere que ao longo de todo o dia foi inquirida a primeira testemunha indicada na acusação (inspetor da PJ), tendo a sessão sido interrompida cerca das 17:00.

O julgamento de Fernando Valente, que é suspeito de matar e esconder o corpo de Mónica Silva, irá prosseguir na quarta-feira, pelas 09:30, “com a inquirição das subsequentes testemunhas arroladas na acusação, retomando-se a planificação prevista para o dia de hoje [terça-feira] e que não foi possível cumprir”, acrescenta o juiz Jorge Bispo.

Na terceira sessão deverão assim ser ouvidas uma inspetora da PJ e familiares da vítima, nomeadamente a irmã gémea e o pai da desaparecida.

A saída de Fernando Valente do Tribunal e a entrada na carrinha celular ficou marcada por alguns momentos de tensão, com a mãe de Mónica Silva a gritar “assassino” e a tentar aproximar-se do arguido, sem sucesso, devido à intervenção dos agentes da PSP no local.

O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados), está a decorrer à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas, porque a juíza titular do processo determinou a exclusão da publicidade da audiência de julgamento e demais atos processuais, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.

Fernando Valente, que teve uma relação amorosa com a vítima que terá resultado numa gravidez, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.

O arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi detido pela PJ em novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher, de 33 anos, que estava grávida com sete meses de gestação.

O MP acusa o arguido de ter matado a vítima e o feto que esta gerava, no dia 3 de outubro de 2023 à noite, no seu apartamento na Torreira, para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património.

A acusação refere ainda que durante a madrugada do dia 4 de outubro e nos dias seguintes, o arguido ter-se-á desfeito do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedido que fosse encontrado até hoje.

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