Instituto público especializado em fogos florestais propôs a instalação de centros de recolha de biomassa nos concelhos de maior risco
Nos últimos meses, a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) propôs ao Ministério do Ambiente e Energia a instalação de Centros de Recolha de Biomassa nos concelhos de elevada densidade florestal. O Ministério do Ambiente e Energia não tomou qualquer decisão sobre o assunto, nem respondeu à nossa reportagem sobre o que pretende fazer.
Os incêndios florestais alimentam-se da biomassa fina acumulada nas florestas: matos, pequenos arbustos e rebentos. Como o crescente abandono da agricultura e da pastorícia, esses materiais têm tempo de se desenvolver. Ao fim de cerca de dez anos, atingem o pico do risco de incêndio.
O recurso à biomassa para a produção de eletricidade pode ser uma solução para devolver meios de rentabilidade económica aos produtores florestais. “Sem as centrais de biomassa, sem os parques de recolha de biomassa vamos repetir as tragédias que tivemos agora”, adverte Clemente Pedro Nunes, professor de Energia do Instituto Superior Técnico.
A difícil rentabilidade das centrais de biomassa é apontada pelos seus detratores com um óbice à sua implementação. “Esta solução está implementada há muito em países de elevada densidade florestal, como por exemplo os bálticos, a Finlândia e a Polónia”, responde aquele perito.
O arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos, que se dedica à investigação de incêndios rurais, não acredita nesta solução, mas concorda que é necessário promover a sustentabilidade económica da gestão florestal. Nas suas intervenções públicas, tem defendido incentivos diretos aos proprietários que garantam a limpeza das suas matas. A pastorícia poderia ser um deles, porque “as cabras são centrais de biomassa itinerantes de grande eficácia”.
A AGIF declinou pronunciar-se à CNN Portugal enquanto se mantiverem operacionais no terreno.