Depois de travar a demissão de Galamba, António Costa dedica dois dias ao distrito de Braga

Agência Lusa , BC
3 mai 2023, 08:45
António Costa na apresentação de Medidas de Transição Digital (Lusa/RODRIGO ANTUNES)

Executivo estará deslocado em Braga durante dois dias, no âmbito da iniciativa "Governo + Próximo"

Um dia depois de travar a demissão do ministro das Infraestruturas, contrariando a opinião do Presidente da República, o primeiro-ministro inicia esta quarta-feira um programa de dois dias em Braga, que inclui uma reunião do Conselho de Ministros.

A iniciativa “Governo + Próximo”, que decorre entre 3 e 4 de maio em todos os concelhos do distrito de Braga, segue-se à decisão de António Costa em não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, apesar da opinião contrária manifestada pelo chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa.

Com o Governo ‘deslocado’ para Braga, o executivo terá mais de 90 iniciativas neste distrito centradas nos temas da inovação, qualificações e mobilidade, realizando visitas e ações no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, divulgou a tutela.

Na quinta-feira, o segundo dia desta iniciativa, decorrerá também uma reunião do Conselho de Ministros.

No primeiro dia, António Costa visita a fábrica Blufab, em Braga, e a empresa têxtil Manuel Gonçalves, em Vila Nova de Famalicão, antes de um almoço com empresários.

O dia do primeiro-ministro conta ainda com a inauguração da nova unidade industrial da Lingote Alumínios, em Fafe, a apresentação do projeto BRT Braga (Bus Rapid Transit Braga) e um jantar com autarcas e Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

Na quinta-feira, António Costa terá durante a manhã a reunião do Conselho de Ministros, que decorrerá Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, enquanto durante a tarde visita obras da Residência Estudantil do IPCA/B-CRIC [Instituto Politécnico do Cávado e Ave/Barcelos Collaborative Research and Innovation Centre], em Barcelos.

A agenda da iniciativa “Governo + Próximo” para o distrito de Braga envolve também ações de 15 ministros, nenhum destes o ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas tem estado envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu há uma semana, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.

O caso envolveu denúncias contra Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestrutura e furto de um computador portátil, já depois de ter sido demitido, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação desse computador.

Na terça-feira, durante a manhã, o primeiro-ministro recebeu o ministro João Galamba na residência oficial de São Bento. Depois, de tarde, esteve no Palácio de Belém, entre cerca das 17:00 e as 18:45, numa audiência que solicitou ao Presidente da República.

Perto das 20:20, o ministro das Infraestruturas divulgou um comunicado a informar que "no atual quadro de perceção criado na opinião pública" tinha apresentado o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, "em prol da necessária tranquilidade institucional" – que António Costa recusaria cerca de meia hora depois.

António Costa considerou que a João Galamba não é "imputável pessoalmente qualquer falha" e disse que mantê-lo como ministro é uma decisão que o "responsabiliza integralmente" como primeiro-ministro, tomada provavelmente contra a opinião da maioria dos portugueses e certamente contra os comentadores.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, depois de António Costa anunciar a decisão de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, o Presidente da República assumiu uma discordância em relação ao primeiro-ministro "quanto à leitura política dos factos" que o levaram a manter João Galamba "no que respeita ao prestígio das instituições".

"O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

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