"Não era qualquer militar que fazia aquilo": Gouveia e Melo autoelogia-se em resposta a "certos comentadores" que "menorizam" task force da covid

5 dez 2024, 11:01

"Há uma tentativa ou uma vontade de menorizar o papel das Forças Armadas. Injusto, injusto", diz o almirante - tido como candidato a Presidente da República. E que diz que aparecer de farda ajuda a resolver os problemas do país

O almirante Gouveia e Melo abordou esta quinta-feira as questões que têm surgido sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República e afirmou que "certos comentadores" estão agora a tentar desvalorizar o trabalho feito pelos militares durante a pandemia.

"[Dizem que] aquilo é só logística, foi só logística. Não, aquilo não foi só logística, não foi só uma folha de Excel e não era qualquer militar que fazia aquilo", afirmou Gouveia e Melo, acrescentando que a task force criada para a vacinação era composta por ele próprio "e mais dois ou três indivíduos no planeamento do processo de vacinação".

Segundo Gouveia e Melo, o "planeamento estava feito ao detalhe desde o início de novembro" e que o facto de ter sido seguido levou ao "sucesso no processo de vacinação".

"Eu hoje, quando às vezes vejo certos comentadores falarem sobre o processo de vacinação passado este tempo, dá a sensação de que há uma tentativa ou uma vontade de menorizar o papel que as Forças Armadas tiveram nesse processo. Essa menorização é muito injusta, muito injusta. As Forças Armadas foram essenciais nesse processo. Nós somos os mentores e os criadores de uma célula de coordenação de emergência dentro do próprio Ministério da Saúde", acrescentou.

O almirante diz mesmo que todo o processo teve "uma componente de justiça importantíssima" que "obrigou a tomar posições muitas vezes difíceis perante interesses instalados" - "e como temos fardas e temos galões, às vezes isso ajuda, essa autoridade lateral que nos vem da farda ajuda". O almirante diz mesmo que no início da operação havia "muitas capoeiras com muitos galos".

"Foi um processo mesmo duro e difícil, que nós todos superámos de forma excelente, mas que, quando hoje vejo alguma redução da importância desse processo e das dificuldades desse processo, o que vejo é a incapacidade de se aprender. Incapacidade de nós, no futuro, se tivermos outra vez nessa situação, começarmos de um patamar melhor do que daquele que começámos quando este processo aconteceu. E, portanto, minha última mensagem para a discussão é o que é que nós temos de fazer para que, no próximo processo, todas estas componentes da nossa sociedade sejam envolvidas. O que eu senti, e vão desculpar-me esta expressão brejeira, é que havia muitas capoeiras com muitos galos. E nós tivemos que criar uma única capoeira, que era a população portuguesa, que estava em stress e precisava de uma resposta urgente do Estado. E foi isso que conseguimos nós, militares. Conseguimos quebrar essas barreiras e conseguimos ajudar a que isso acontecesse."

Gouveia e Melo tem sido um dos nomes avançados para possível candidato à Presidência da República, hipótese que ainda não confirmou. No entanto, o almirante já comunicou ao Conselho do Almirantado que está indisponível para continuar mais dois anos na chefia do Estado-Maior da Armada, terminando o mandato em dezembro.

"Eu hoje não vou fazer entrevistas, não vou fazer nada até sair das Forças Armadas", afirmou o Chefe de Estado-Maior da Armada, de 64 anos, após a lição de abertura das IV Jornadas Defesa/Saúde: "Colaboração Civil-Militar no contexto da Segurança Sanitária" que decorrem na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

O chefe de Estado-Maior da Armada não especificou ainda quando tenciona abandonar as Forças Armadas.

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