Gouveia e Melo no NRP Mondego: "Nunca poderá ser colocado em causa o comando"

16 mar 2023, 11:53

O comandante da Marinha recusou, no entanto, fazer “juízos de valor” sobre o que deveria acontecer aos militares, afirmando que esse assunto cabe a um “juiz de direito”

O almirante Gouveia e Melo esteve esta quinta-feira na Madeira, no NRP Mondego, o navio que não cumpriu a missão de acompanhamento de uma embarcação russa a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, por recusa de quatro sargentos e nove praças.

Num discurso aberto à comunicação social, o almirante reconheceu as dificuldades dos militares da Marinha em época de embarque e elogiou as "missões com sucesso" do navio, mas sublinhou que "nunca poderá ser colocado em causa o comando" e que os valores da disciplina são "essenciais".

"Isso falhou no sábado", disse Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada. O almirante referiu ainda estar profundamente triste e acrescentou que encaminhou o caso dos militares que se recusaram a participar na missão para a Polícia Judiciária Militar, por ser uma situação que "jamais poderá ser ignorada e esquecida.

O almirante disse ainda que a avaliação de o NRP Mondego não seguir em missão não foi feita pelas "pessoas certas" e que aqueles que recusaram a saída se substituíram à estrutura de comando, mostrando que não confiavam na hierarquia.

Já fora do navio, Gouveia e Melo voltou a criticar os 13 militares.  “Eu não disse que não perdoava, eu disse que não esquecia e que este ato vai ficar registado na nossa história. Um ato de insubordinação nas Forças Armadas é um ato de uma gravidade muito grande, não o podemos ignorar”.

O comandante da Marinha recusou, no entanto, fazer “juízos de valor” sobre o que deveria acontecer aos militares, afirmando que esse assunto cabe a um “juiz de direito”.

“Quando nós quebramos a disciplina, estamos a quebrar a essência das Forças Armadas. Não podemos permitir isso, muito menos eu, enquanto comandante da Marinha, vou permitir que este ato se alastre ou possa passar despercebido, escondido debaixo de um tapete”, afirmou.

Sobre a imagem perante os aliados, Gouveia e Melo referiu que este "vão notar" este comportamente, mas deixa uma ressalva: “Não consigo dizer que vá colocar Portugal numa situação complicada perante os aliados porque Portugal não é este ato, tem um enorme leque de operações que decorrem de forma brilhante. Não manchará a nossa reputação", garantiu.

Instado a comentar sobre um vídeo que circulou nas redes sociais, que mostrava o interior de um navio completamente alagado, o comandante da Marinha não poupou nas críticas a quem o divulgou.

“Vão lá perguntar aos Estados Unidos qual o estado de cada navio e de cada aeronave a ver se eles vos dizem. Não podemos ser ingénuos. Temos responsabilidades, a informação não pode andar a correr pelo Whatsapp. O vídeo que circulou é falso. Tem, no mínimo, um ano e meio e não é do NRP Mondego. Alguém, que gosta de criar sensacionalismo, anda a propalar esse vídeo com uma intenção e um objetivo”.

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