Gouveia e Melo substitui capelão da Marinha que lhe perguntou se "nunca bebeu uns copos"

11 mai 2022, 19:12
Gouveia e Melo

Licínio Luís fez uma publicação no Facebook relacionada com a gestão do caso da morte do agente da PSP Fábio Guerra, da qual são suspeitos fuzileiros portugueses

O almirante Henrique Gouveia e Melo vai substituir o capelão da Marinha, depois de este ter feito críticas ao chefe do Estado-Maior da Armada, o próprio Gouveia e Melo, na sequência de palavras do almirante sobre a atuação de membros da Marinha no caso da morte do agente da PSP Fábio Guerra. De acordo com o Observador, que cita fontes militares, Licínio Luís vai ser substituído pelo atual capelão dos Pupilos do Exército, padre Diamantino Teixeira.

Licínio Luís utilizou o Facebook para criticar a gestão do caso dos fuzileiros suspeitos da morte de Fábio Guerra após uma rixa na discoteca Mome, em Lisboa. O almirante não gostou das palavras do ainda capelão e desde então processo teve vários avanços e recuos.

No fim de março, e através daquela rede social, Licínio Luís criticou as duras palavras do almirante Gouveia e Melo durante o discurso que fez aos Fuzileiros no Alfeite e no qual censurou o ataque “selvático, desproporcional e despropositado” a Fábio Guerra, o agente da PSP que acabou por morrer. Licínio Luís teve outra visão dos factos: “Quem não o fazia. É selvagem por isso? O senhor almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos. Aguardemos pelas investigações. Os nossos jovens têm direito a serem respeitados. Os jovens da PSP estavam no mesmo âmbito e alcoolicamente tão bem-dispostos como os nossos. Juízo com os nossos julgamentos”, afirmou.

Logo no dia 29 de março foi noticiado que o capelão tinha sido exonerado, após reunião com Gouveia e Melo. Pelo meio, Licínio Luís acabou por emendar as palavras originais: "É muito importante reconhecer perante vós e perante a Marinha, enquanto militar, que errei ao dirigir-me de forma incorreta, inapropriada, interpretativa e pública ao Almirante CEMA, que respeito pelo seu exemplo de coragem, de serviço prestado e dedicação à Marinha. Reli o discurso dele, na intranet, e constato que defendeu a decência humana que a todos nos deve animar. O Almirante CEMA sempre foi um adepto dos Fuzileiros e não tenho dúvidas, agora mais a frio, que tomou a única posição possível e ética ao traçar para toda a Marinha uma linha vermelha de comportamento", referiu.

Ainda no mesmo post, Licínio Luís pediu desculpa: "Como vosso capelão, quero pedir-vos desculpa por não ter defendido bem a posição cristã, que nenhuma agressão deve servir de resposta a qualquer ato terceiro, muito menos violência que possa ter contribuido [sic] para o falecimento de um agente da PSP, que lamento imenso. Como o Almirante CEMA bem referiu no seu último discurso, é agora tempo da justiça e do direito à defesa dos arguidos, mas também é tempo de verdade e de redenção".

Só que, um dia após a exoneração, fonte da Marinha admitia que Gouveia e Melo ponderava readmitir o capelão. Uma hipótese que ficou fora de questão a 31 de março, quando Licínio Melo foi reintegrado na base do Alfeite, mas não na Marinha.

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