Homens ganhavam mais e tinham melhores cargos. Goldman Sachs paga quase 200 milhões de euros a 2.800 trabalhadoras por discriminação de género

10 mai 2023, 09:12
Goldman Sachs (Richard Drew/AP)

São mais de 2.800 queixas abrangidas num acordo que chega após 13 anos de luta judicial

O banco Goldman Sachs chegou a um acordo extrajudicial para colocar fim a uma exigência de várias trabalhadoras que acusavam a empresa de discriminação sistemática de género. A decisão foi confirmada pela própria empresa em comunicado.

O acordo prevê o pagamento de 215 milhões de euros (cerca de 195 milhões de euros) a cerca de 2.800 mulheres que trabalhavam como associadas ou vice-presidentes.

A Goldman Sachs evita, assim, o início de um julgamento que estava previsto para junho, e que ameaçava expor práticas laborais discriminatórias contra as mulheres do setor, beneficiando os homens, que eram mais bem pagos e colocados em melhores cargos.

Um caso que remonta a 2010, quando Cristina Chen-Oster, Shanna Orlich, Allison Gamba e Mary De Luis, que trabalhavam num dos escritórios dos Estados Unidos, alegaram práticas sistemáticas de discriminação, alegando que eram prejudicadas em termos salariais, mas também na evolução das suas carreiras, fosse ao nível do salário ou de promoção de cargos.

“Como uma das queixosas originais, senti-me orgulhosa de apoiar este caso sem duvidar durante quase 13 anos, e penso que este acordo vai ajudar as mulheres que tinha em mente quando apresentei o caso”, afirmou Shanna Orlich, em declarações citadas no mesmo comunicado. Já Allison Gamba explicou que o seu objetivo “foi sempre apoiar as mulheres fortes de Wall Street”, confessando-se “orgulhosa de que o resultado conseguido faça avançar a igualdade de género”.

Um acordo que supera os 150 milhões de dólares (cerca de 136 milhões de euros) pagos pela Smith Barney em 1997 para pôr fim a queixas semelhantes. Também a Morgan Stanley chegou a um acordo do género, pagando, em 2004, 54 milhões de dólares (perto de 49 milhões de euros) a mais de 300 mulheres que acusavam o banco de tratamento discriminatório no salário e na atribuição de cargos.

Além do acordo, a Goldman Sachs fica ainda obrigada a uma avaliação externa, durante três anos, para garantir que os processos de avaliação e promoção estão a ser cumpridos. O objetivo, diz a empresa, é “garantir que [as mudanças] geram resultados eficazes, fiáveis e não enviesados”.

O especialista externo terá ainda de realizar estudos sobre igualdade salarial, enquanto o banco tem de investigar e resolver quaisquer problemas de desigualdade de género no pagamento de salários.

O acordo vai abranger todas as mulheres que trabalharam como associadas ou vice-presidentes desde 7 de julho de 2002 até 28 de março de 2023 no escritório de Nova Iorque, ou desde 10 de setembro de 2004 até 28 de março de 2023 em qualquer outro escritório dos Estados Unidos. Um terço da indemnização, refere a Bloomberg, ficará para os advogados que representaram as mulheres.

Falta agora definir uma data para a realização de uma audiência que efetive a aprovação do acordo.

“A Goldman Sachs orgulha-se do seu largo historial de promoção e avanço das mulheres e mantém o compromisso de garantir um local de trabalho diverso e inclusivo para todos os colaboradores. Depois de mais de uma década de litígio, ambas as partes acordaram resolver o assunto. Seguimos centrados nos nossos colaboradores, nos nossos clientes e no nosso negócio”, garantiu a diretora global de Gestão de Capital Humano do banco, Jacqueline Arthur.

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