Eduardo Cabrita deu Medalha de Prata a comandante que ajudou polícia a identificar agressores

16 dez 2021, 21:05

O homem que liderava o posto da GNR onde tudo se passou ajudou a investigação a identificar os agressores um a um

Para que os investigadores conseguissem identificar os militares que estavam a agredir e a humilhar os imigrantes nas filmagens apanhadas pela polícia, o papel do comandante que liderava o posto da GNR de Vila Nova de Milfontes foi decisivo. Segundo a investigação, foi ele quem ajudou a identificar os locais dos crimes e os agressores, através das imagens e das vozes. Militar este que, em janeiro passado, recebeu uma Medalha de Prata de Serviços Distintos do anterior ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

O despacho do ex-ministro da Administração Interna a determinar essa distinção, tanto a este como a muitos outros militares da GNR, foi assinado a 29 de dezembro de 2020, exatamente um dia depois de o antigo comandante do posto da GNR de Vila Nova de Milfontes ter estado a ajudar os investigadores a identificar os sete militares que torturavam e humilhavam imigrantes.  Nesse dia, o sargento-ajudante identificou os militares e seus subordinados um a um. Não só pela fisionomia, mas também pela voz.

Estas Medalhas de Prata atribuídas pelo antigo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, através de um despacho publicado em Diário da República, foram destinadas a vários elementos da GNR que, em regra, são propostos pelas chefias desta força policial. 
Nessa lista está o militar que liderou a esquadra onde estão os sete homens agora acusados de 33 crimes, entre os quais sequestro, ofensas à integridade física qualificada e abuso de poder. A distinção deve-se, segundo o Ministério da Administração Interna, no âmbito da carreira de sargento-ajudante enquanto comandante daquele posto territorial. A condecoração foi proposta pela GNR e nada teve a ver com o seu papel no processo avançado em exclusivo pela TVI/ CNN Portugal.

O sargento-ajudante liderou aquela esquadra durante 6 anos, que incluem os períodos (2018 e 2019) em que ocorreram os atos de violência dos seus subordinados por “ódio claramente dirigido às nacionalidades”, refere a acusação. Quando confrontado com as imagens dos vídeos, o antigo comandante da esquadra identificou os militares um a um. O seu testemunho foi essencial e permitiu solidificar as perícias que a polícia fez também às imagens e às vozes dos agentes para que estes pudessem ser identificados sem margem para dúvidas e agora acusados.

Relacionados

Crime e Justiça

Mais Crime e Justiça

Patrocinados