Aumento de 300 euros fica longe do pretendido. Não por ser pouco, mas por ficar muito longe do que é pago à Polícia Judiciária
Um conjunto de associações sindicais da GNR recusou o acordo apresentado pelo Ministério da Administração Interna, afirmando que, mais do que uma questão de valor, está em causa uma questão de dignidade.
À saída da reunião com a ministra Margarida Blasco, o representante das associações da GNR disse que é uma injustiça que os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) tenham um suplemento de risco acima do auferido pelas forças de PSP e GNR.
“É verdadeiramente uma situação inadmissível” garantiu, falando sobre a recusa de um aumento de 300 euros por mês, que seria feito de forma faseada – primeiro mais 200 euros no imediato, depois mais 50 euros em 2025 e outros 50 euros em 2026.
Já depois das palavras do representante da GNR, três sindicatos da PSP e duas associações da GNR assinaram o acordo com o Governo.
O responsável assinalou que as forças de segurança não são trabalhadores comuns na Administração Pública, destacando, ainda assim, que este Governo fez o que mais nenhum outro fez, que é a apresentação de uma proposta desta dimensão.
Apesar disso, referiu o representante da GNR, o aumento de 300 euros fica muito longe dos cerca de 600 euros recebidos pelos inspetores da PJ.
"Consideramos ser insultuoso que se receba menos que a PJ", reiterou, lembrando que os protestos estão "em cima da mesa desde sempre".
O representante das associações da GNR voltou a destacar o papel do Governo, que fez o que nenhum outro fez anteriormente, e aproveitou mesmo para dar os “parabéns” a Margarida Blasco.
O responsável lembrou, apesar de tudo, que o aumento que vai ser aplicado na mesma é bem-vindo, devendo representar cerca de 100 euros líquidos, um pouco mais, por mês.
A Associação Nacional dos Agentes da Guarda, que também não aceitou o acordo apresentado, vincou que em causa está, não tanto o valor do aumento, mas a diferença para os inspetores da PJ.
O representante daquela associação, Ricardo Rodrigues, fala mesmo de uma questão que pode ser inconstitucional. "Não há nenhuma recusa de estar contra o valor só por estar. É preciso que fique claro para quem está lá em casa que as associações são contra porque está a haver um tratamento completamente discriminatório", sublinhou.
O responsável lembrou que aceitar este acordo implicava uma aproximação ao valor mínimo, que a associação entende que deve ser de 400 euros mensais. Ir abaixo desse valor é "aceitar uma linha vermelha", continuou Ricardo Rodrigues, garantindo que a plataforma "cedeu em tudo o que era possível", e lembrando que o valor inicialmente apresentado pelos militares foi de 612 euros.