Num período em que se intensificam os ataques entre Israel e Hezbollah, Paulo Portas debruça-se sobre as possíveis consequências de uma oficialização do conflito
“Eu sempre disse que o conflito de Gaza tinha várias dimensões possíveis do ponto de vista das suas consequências”, diz Paulo Portas a propósito da escalada de ataques no Médio Oriente. A primeira, indica, “era a nível local”, no sentido em que o conflito ficaria restrito ao perímetro da Faixa de Gaza. A segunda “era o escalar para norte de Israel e para o sul do Líbano”, sendo que, nesse caso, o conflito assumiria “uma natureza regional” – “porque o adversário de Israel no Líbano não é o Hamas, é o Hezbollah”.
No seu habitual espaço de análise do Jornal Nacional, o comentador explica que o Hezbollah, sendo xiita e, sobretudo, aliado do Irão, é o procurador militar externo do Irão, tal como os Houthis. “Portanto, aproximar o conflito do Líbano é arriscar a potencialidade de um conflito mais ou menos direto entre duas potências nucleares: uma é Israel e outra é o Irão”, observa.
Refere ainda as declarações do ministro da Defesa israelita, que disse que esta era “uma nova fase da guerra”, mas afirma que “avançar para a formalização ou oficialização” do conflito tem consequências.
“Deixa de ser local e passa a ser regional, e dentro do regional o conflito passa a ser com o Irão, e não há diálogo do Ocidente com o Irão de momento”, diz.
“Não há condições na atual circunstância internacional para se conseguir um cessar-fogo com o Hezbollah, cujo o padrinho é o Irão”.