O que tem o ministro do Ambiente a dizer aos jovens sobre o clima? Que “a liderança não pode estar na rua”, tem de ser feita por instituições democráticas. E que não é “propaganda verde”, Portugal “está mesmo” a baixar emissões
Uma das razões pelas quais João Pedro Matos Fernandes não tem “medo nenhum de perder as eleições” de 30 de janeiro é porque aquilo que o PS tem para dizer aos mais novos “não é aquilo que a direita teve, que é ‘emigrem e não sejam piegas’”. No entanto, reconhece o ministro, ficar é estar sujeito a salários mais baixos. “Ganham eles por exemplo o que ganham se forem fazer uma experiência na Europa? Não ganham, ganham menos. E por isso é essencial criar condições para a melhoria desses salários.”
“É obrigação de um país garantir, dando toda a liberdade às pessoas para fazerem o que quiserem fazer, a quem cá nasce e a quem cá está, sempre as melhores das oportunidades. A quantidade de empregos que têm sido criados nomeadamente para estes jovens mais qualificados é muita.”
E o clima?
Se os governantes são muitas vezes acusados pelos jovens de “greenwashing” (propaganda verde), o ministro do Ambiente tem respostas para contrariá-los.
“Lembro-me bem a primeira vez que eu recebi [no Ministério] os jovens e quando lhes falei numa redução de emissões de 55% até 2030, eles vinham reclamar uma de 40%. Claro que eles agora já reclamam 55%...”
Mas, sobretudo, João Pedro Matos Fernandes explica em entrevista à CNN Portugal que “em democracia, as mudanças fazem-se com consenso”. Descontando “alguns dislates que aparecem de uns rapazes que dizem que se produz carvão a 20 cêntimos o Mh/W quando afinal é 250”, há em Portugal “um grande consenso” sobre a obrigatoriedade de transição energética e sobre a sua relevância “do ponto de vista ambiental e do ponto de vista da criação de riqueza”.
“Eu entendo com muita naturalidade a diferença de opinião daqueles que querem que andemos mais depressa. Só há uma coisa que eu não aceito: é que me digam que a liderança tem de estar na rua. Porque no dia em que a liderança estiver não vai haver qualquer transição justa. Nem vai haver ninguém a transferir dinheiro para os países que não fizeram nada pelo que lhes está a acontecer, mormente em África – estou a lembrar-me por exemplo de Moçambique e do furacão Idai – e que precisam obviamente de dinheiro para adaptação que rua nenhuma lhes vai dar. É absolutamente essencial que a liderança continue nas instituições e que sejam as democracias liberais a fazer essa mesma transição”, afirma.