Ghufran Warasneh tinha 31 anos e foi baleada no peito na Cisjordânia, alegadamente quando se encontrava a caminho do trabalho, numa estação de rádio onde tinha começado a trabalhar há poucos dias
As forças israelitas mataram a tiro uma jornalista palestiniana junto ao campo de refugiados palestinianos de Arroub, na Cisjordânia ocupada, entre as cidades de Belém e Hebron.
Segundo a Al Jazeera, a jornalista, que morreu na quarta-feira passada, foi identificada como Ghufran Hamed Warasneh. Foi baleada no peito, alegadamente quando se encontrava a caminho do trabalho - tinha começado a trabalhar há poucos dias numa estação de rádio local.
"Estava a sair de casa a caminho do emprego", garantem testemunhas citadas pela Al Jazeera.
Esta não é, porém, a versão do exército israelita. Em comunicado, fonte militar garante que "uma atacante armada com uma faca" avançou em direção a um soldado que conduzia uma "atividade de segurança de rotina".
Ghufran Warasneh, Palestinian journalist shot dead today by the israelis. pic.twitter.com/KRTmCmDZSn
— Richard Medhurst (@richimedhurst) June 1, 2022
Ghufran Warasneh foi morta pelas oito da manhã, hora local, à entrada do campo de refugiados, onde os soldados israelitas estão estacionados em permanência. Ainda foi levada pelo Crescente Vermelho da Palestina para o hospital Al-Ahli, em Hebron, mas morreu pouco tempo depois de ter sido baleada.
O Crescente Vermelho, citado pela Al Jazeera, garante que as forças israelitas tentaram impedir a assistência à jornalista e que levaram 20 minutos até permitir que os socorristas chegassem junto da vítima.
Cenas de violência no funeral
A jornalista tinha sido libertada da prisão em abril, informou também em comunicado a Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, acrescentando que Warasneh tinha estado detida durante três meses numa prisão israelita. Meios locais avançam que a jornalista tinha sido presa durante a cobertura noticiosa de uma manifestação pró-Palestina e citam a mãe de Warasneh, que revela que a filha se tinha licenciado em jornalismo na Universidade de Hebron e que já tinha trabalhado em alguns órgãos da imprensa local.
Nas redes sociais, foram entretanto publicados vários vídeos que mostram cenas de violência durante o funeral da jornalista: as forças israelitas terão atacado com gás lacrimogéneo a multidão que se juntou para enterrar Ghufran Warasneh.
Israeli occupation forces attack mourners taking part in the funeral of Palestinian journalist Ghufran Warasna who was murdered the occupation forces, firing tear gas and sound grenades toward them. pic.twitter.com/0lBYUairCy
— PALESTINE ONLINE 🇵🇸 (@OnlinePalEng) June 1, 2022
Warasneh é a segunda jornalista palestiniana morta em menos de um mês: Shireen Abu Akleh, repórter da Al Jazeera, foi assassinada a 11 de maio na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, baleada na cabeça durante um ataque israelita.
Um vídeo viria a mostrar depois que Abu Akleh tinha vestido um colete azul à prova de bala, onde estava escrita a palavra “Press” (Imprensa). O exército israelita alegou que estava a ripostar durante um ataque quando a jornalista foi atingida.
Desde o início do ano, e segundo o Ministério da Saúde da Palestina, as forças israelitas mataram 59 palestinianos. Já os ataques da Palestina terão feito 19 vítimas mortais em Israel.