Golpe de Estado em curso na Guiné-Bissau. Palácio Presidencial cercado por homens armados

Agência Lusa , Com HCL - Atualizada às 16:50
1 fev 2022, 15:09

Testemunhas relatam que ouviram tiros de bazuca e rajadas de metralhadora no mesmo local onde decorria um conselho de ministros com a presença de Umaro Sissoco Embaló. Há pelo menos quatro feridos

Homens armados impedem desde a hora de almoço o acesso à zona do palácio presidencial em Bissau, uma capital onde esta terça-feira foram ouvidos vários disparos de metralhadora e bazucas, sinal de um golpe de Estado em curso.

Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas na sequência destas movimentações, de acordo com fonte do Hospital Simão Mendes, em Bissau, que acrescenta que todos os feridos foram transportados do Palácio do Governo para aquele hospital, sendo que três são ligeiros e um está em estado grave.

A cidade está com muito menos gente do que o habitual e são visíveis apenas aparato de segurança em redor do Palácio Presidencial, na Praça do Império, e junto ao Palácio do Governo, onde decorria um Conselho de Ministros que terá sido interrompido por um assalto militar, segundo fontes ouvidas pela Lusa.

A maior parte das lojas da capital guineense estão encerradas e circulam poucos carros. Tiros esporádicos têm sido ouvidos durante a tarde, mas os restantes ministérios do centro da cidade (Finanças e Justiça) não têm perímetro de segurança nem militares em redor.

O ministro dos Negócios Estrangeiros já reagiu às movimentações militares em torno do Palácio Presidencial, condenando o "impedimento do normal funcionamento dos órgãos de soberania da Guiné-Bissau, nos termos da Constituição". No mesmo sentido, a Embaixada de Portugal em Bissau pediu a todos os portugueses que fiquem em casa.

Também António Guterres pediu o "fim imediato" dos "combates violentos" em Bissau, sublinhando estar "profundamente preocupado".

Desde a hora do almoço, já foram ouvidos tiros de bazuca e rajadas de metralhadora junto ao palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.

Estes incidentes na capital guineense decorrem dias depois de uma remodelação do executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a remodelação feita.

As relações entre o chefe de Estado e do executivo têm sido marcadas nos últimos meses por um clima de tensão, agravada nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau, onde aterrou vindo da Gâmbia, com autorização presidencial.

Entre os governantes afastados na remodelação está o ex-secretário de Estado da Ordem Pública guineense Alfredo Malu, que disse que a sua saída está relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.

Nas declarações aos jornalistas, o ex-secretário de Estado sublinhou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos.

O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não se tratava disso, mas sem mais detalhes.

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