Três espiões ligados à Rússia condenados num dos maiores casos de espionagem em décadas no Reino Unido

7 mar, 17:10
Katrin Ivanova, Tihomir Ivanchev e Vanya Gaberova (Metropolitan Police)

Polícia apreendeu equipamento eletrónico e de vigilância na posse dos espiões no valor de centenas de milhares de libras

Três cidadãos búlgaros residentes no Reino Unido foram considerados, esta sexta-feira, culpados de espionagem a favor da Rússia.

Depois de mais de 30 horas de deliberação, o júri chegou à conclusão de que os espiões estavam envolvidos numa série de conspirações e que operaram por toda a Europa entre 2020 e 2023.

A rede foi revelada através de mais de 80 mil mensagens recuperadas na aplicação de mensagens encriptadas Telegram. Antes do julgamento, outros dois membros do grupo já se tinham declarado culpados.

As conspirações eram orquestradas por uma rede de espionagem sob a direção de Jan Marsalek, um empresário austríaco que fugiu para a Rússia em 2020. Os procuradores acreditam que Marsalek tenha sido recrutado pelos serviços secretos russos em 2014 e fugido para Moscovo depois de a empresa em que era diretor de operações ter sido exposta e entrado em colapso devido a fraude no valor de 1,9 mil milhões de euros.

Os procuradores acreditam que Marsalek - que não foi acusado - estava a dar tarefas ao grupo búlgaro em nome dos serviços secretos militares e dos serviços secretos internos da Rússia. Marsalek transmitia as ordens dos seus chefes russos ao líder do grupo, Orlin Roussev que geria as atividades a partir de um antigo hostel em Great Yarmouth, Londres. 

A polícia passou oito dias a vasculhar a propriedade que estava repleta de equipamento eletrónico e de vigilância no valor de centenas de milhares de libras. Entre eles estavam 459 cartões SIM, 221 telemóveis, 258 discos rígidos, 55 dispositivos de gravação visual, 33 dispositivos de áudio, 16 rádios e 11 drones. Grande parte era "tecnologia wearable" para gravação de vídeo e áudio, como relógios de pulso, canetas, gravatas, óculos de sol, isqueiros e joias.

Existiam ainda 91 cartões bancários e 75 passaportes e documentos de identidade com 55 nomes diferentes.

Um dos alvos principais da rede seria Christo Grozev, o jornalista responsável pela identificação dos oficiais do GRU acusados de envenenar o agente dos serviços secretos britânicos Sergei Skripal com novichok, em março de 2018. Marsalek disse que Vladimir Putin "odiava seriamente" Grozev e que pensava em "matá-lo com uma marreta".

O chefe do comando antiterrorista SO15 da Polícia Metropolitana de Londres disse que a descoberta da rede de espionagem tinha envolvido uma das maiores investigações de espionagem em, pelo menos, mais de duas décadas de trabalho antiterrorista.

“Tratava-se de espionagem a uma escala quase industrial em nome do Estado russo. Era uma séria ameaça", afirmou.

Os arguidos foram mantidos presos preventivamente até à sentença, entre 7 e 12 de maio.

The leader of a spy gang and five others have been convicted for gathering information across the UK and Europe on behalf of Russia.

This complex investigation saw us sifting through 200,000+ messages, before seizing listening devices, concealed cameras and a fake ID printer. pic.twitter.com/o2LCjuuTMr

— Metropolitan Police (@metpoliceuk) March 7, 2025

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