Tratamentos de infertilidade aumentam risco de complicações cardíacas na gravidez

CNN , Sandee LaMotte
5 mar 2022, 19:00
Teste de gravidez

Um novo estudo descobriu que as mulheres, ao usarem tratamentos de infertilidade, podem ter complicações cardíacas na gravidez, sobretudo se tiverem 35 anos ou mais.

"Se for mãe numa idade mais tardia, especialmente se tiver 35 anos ou mais, este fator aumenta o risco de ter ou desenvolver determinados problemas de saúde, tais como: hipertensão crónica. Isto faz com que haja um aumento dos riscos de haver complicações na gravidez", disse Pensée Wu, a autora do estudo. Ela é, de igual modo, professora, obstetra honorária e subespecialista em medicina materno-fetal na Escola de Medicina da Universiade Keele, em Staffordshire, Reino Unido.

O estudo, publicado no “Journal of the American Heart Association”, comparou mais de 106 mil partos, cujos bebés foram concebidos graças a técnicas de reprodução assistida. Este número foi comparado aos mais de 34 milhões de nascimentos concebidos sem essa ajuda.

Segundo o estudo, as mulheres que recorreram aos tratamentos de infertilidade apresentavam problemas de saúde, tais como: hipertensão e diabetes. Quando iniciaram o tratamento, elas também tinham maior propensão para serem obesas.

As mulheres que usam estas técnicas para engravidar apresentam um risco quase três vezes maior de ter insuficiência renal aguda. Apresentam, de igual forma, um risco maior em cerca de 65% de terem batimentos cardíacos irregulares. Estas mulheres também têm um risco 57% maior de virem a sofrer um descolamento prematuro da placenta. Isto acontece quando a placenta se separa da parede interna do útero antes do nascimento. Os dados também mostraram que as pacientes tinham cerca de 38% de hipótese de precisarem de uma cesariana e havia 26% de probabilidade de terem um bebé prematuro.

Uma limitação do estudo foi o facto de este não ter comparado diferentes tratamentos de fertilidade. “Esta é uma distinção importante", disse, via “e-mail”, Sigal Klipstein. Esta médica de Chicago é especialista em endocrinologia reprodutiva e infertilidade. Ela não participou do estudo.

Klipstein disse: "Uma mulher que precise de tomar, durante algum tempo, comprimidos que ajudem a melhorar a fertilidade de forma a engravidar e uma mulher que precise de vários ciclos de FIV (Fertilização in Vitro), foram todas agrupadas neste estudo". Esta médica é, de igual modo, membro do Comité de Ética da Universidade Americana de Obstetras e Ginecologistas.

"Pode haver diferenças significativas entre os grupos. Estes baseiam-se no tipo de tratamento de fertilidade, duração e tempo entre o tratamento e a conceção", disse ela.

De acordo com o estudo, houve um aumento dos riscos para as mulheres que se submeteram a tratamentos de fertilidade, mesmo quando estas não apresentavam sintomas preexistentes de doenças cardíacas.

Pensée Wu disse: "Ficámos surpresos por a tecnologia de reprodução assistida estar associada a essas complicações em vez de estar, somente, associada à existência de problemas de saúde preexistentes ou apenas entre mulheres mais velhas, que se submeteram a tratamentos de infertilidade.”

No entanto, essa descoberta não surpreendeu Klipstein. “Muitas vezes, os piores resultados estão ligados à infertilidade subjacente e não ao tratamento de fertilidade.”

Ela apontou a SOP como uma das razões para estes piores resultados. A SOP, ou síndrome dos ovários policísticos, é um distúrbio hormonal comum em mulheres. É, de igual modo, uma das principais causas de infertilidade. Ao longo da vida, também faz aumentar o risco de se ter uma doença cardiovascular. Klipstein disse: “Mulheres que têm SOP têm sete vezes mais propensão de sofrer um ataque cardíaco.”

"De acordo com o estudo recente, 1 em cada 5 mulheres engravida tendo um histórico de fatores de risco cardiovascular", disse Klipstein. Isso pode aumentar os riscos para a saúde da mulher durante a gestação e no parto.

Na sua opinião, Klipstein disse que a mensagem principal do estudo é a necessidade de as mulheres estarem atentas, se possível, aos fatores de risco de doenças cardíacas antes de engravidarem. Assim, a mulher pode concentrar-se em perder peso, reduzir a hipertensão e controlar o colesterol.

Ela acrescentou: "Os médicos devem aconselhar todas as mulheres que pensem engravidar, sobretudo se as pacientes tiverem fatores de risco cardiovascular preexistentes. Devem aconselhá-las sobre os riscos relacionados com a gravidez, quer elas tenham, quer não tenham, um histórico de infertilidade.”

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