Tensão arterial subiu durante a pandemia, sobretudo nas mulheres

CNN , Jacqueline Howard
25 dez 2021, 11:00
Tensão arterial. Foto: bnenin/Adobe Stock

Os adultos americanos, especialmente as mulheres, viram a sua tensão arterial aumentar durante a pandemia do coronavírus, sugere um novo estudo.

O estudo, publicado na revista Circulation, incluiu dados sobre 464.585 funcionários de várias empresas e respetivos cônjuges ou parceiros, que participaram anualmente em programas de bem-estar patrocinados pelo empregador e levados a cabo pela Quest Diagnostics.

Como parte do programa, os trabalhadores e os seus parceiros de todos os 50 estados e do Distrito de Columbia mediram a sua tensão arterial durante três anos, em 2018, 2019 e 2020. Luke Laffin, codirector do Centro de Doenças de Tensão Arterial na Cleveland Clinic, e os seus colegas da Cleveland Clinic e da Quest Diagnostics analisaram os valores da tensão arterial.

Os investigadores descobriram que os valores da tensão arterial pareciam ser significativamente mais elevados durante a pandemia, de abril a dezembro de 2020, em comparação com 2019, com aumentos que variaram em média entre 1,1 a 2,5 milímetros de mercúrio ou mmHg para a tensão arterial sistólica e de 0,14 a 0,53 mmHg para a tensão arterial diastólica.

A pressão arterial é medida em unidades de mmHg, que consiste em dois números, a tensão alta ou sistólica e a tensão baixa ou diastólica.

Embora tenham sido registados aumentos da pressão arterial sistólica e diastólica tanto nos homens como nas mulheres e em todas as faixas etárias, os investigadores detetaram aumentos maiores nas mulheres.

"Vimos aumentos na tensão arterial mais pronunciados nas mulheres. Mas não sabemos a razão exata que causou isso. No entanto, sabemos e há dados que sugerem que a pandemia sobrecarregou tendencialmente mais as mulheres, particularmente as mulheres que trabalham, e este é um programa de bem-estar patrocinado pelos empregadores", disse Laffin.

O estudo concluiu que o aumento de peso não foi a razão aparente para a subida dos níveis de tensão arterial durante a pandemia, embora as más escolhas alimentares feitas durante a pandemia possam ter desempenhado um papel, entre outros fatores.

"O controlo da tensão sanguínea é algo multifatorial. Está relacionado com o que comemos, entre outros fatores", disse Laffin à CNN.

"Ingerir demasiado sal ou beber mais álcool, fatores que foram bem documentados durante a pandemia, aumentam a tensão arterial", disse Laffin. "E sabemos ainda que a tensão arterial também é afetada por fatores como o sono, a toma de medicamentos, tudo isso tem o seu impacto".

Laffin afirmou que, embora o stress agudo possa aumentar a tensão arterial, a pandemia tem sido mais associada ao stress crónico de longo prazo.

"Sabemos que, em cenários de stress crónico, as mudanças na tensão arterial devem-se provavelmente a algumas das opções de estilo de vida que fazemos quando estamos stressados", disse Laffin. "Optamos por comer nachos e cerveja, em vez de uma salada saudável, ou não dormimos tanto, optamos por não ir ao ginásio, decidimos não tomar a nossa medicação. É provavelmente assim que o stress mais se manifesta no aumento da tensão arterial".

A tensão arterial elevada aumenta o risco de doença cardíaca e AVC, duas das principais causas de morte dos adultos americanos, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA. Os investigadores observaram no seu estudo que um aumento de 2 mmHg na tensão arterial sistólica está associado a um grande aumento de mortes por acidente vascular cerebral e doença cardíaca nos adultos de meia-idade. O aumento da tensão arterial sistólica nos adultos americanos que participaram no estudo "poderá indicar um futuro aumento da mortalidade por doenças cardiovasculares", concluíram os investigadores.

No geral, "durante a pandemia, as medidas de saúde pública como a vacinação e o uso de máscara são muito importantes, mas provavelmente tão importante quanto isso, durante uma pandemia, é não negligenciar os fatores de risco crónico para as doenças cardiovasculares ou outras doenças crónicas", acrescentou Laffin. "Por isso, certifique-se de que adota um estilo de vida saudável, vá regularmente ao médico, não deixe de tomar a medicação se tomar medicamentos para a tensão arterial elevada, tudo isso é muito importante".

Mesmo antes da pressão da pandemia, um estudo global publicado na revista The Lancet em agosto concluiu que o número de pessoas entre os 30 e os 79 anos com tensão arterial elevada duplicou no período de 1990 a 2019 e mais de metade delas não estão a ser medicadas para esse problema.

Segundo a Clínica Mayo, existem 10 formas de controlar a tensão arterial elevada:

  1. Perder peso
  2. Fazer exercício físico regular
  3. Ter uma dieta saudável
  4. Reduzir o sal na dieta
  5. Limitar a quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas
  6. Deixar de fumar
  7. Reduzir o consumo de cafeína
  8. Reduzir o stress
  9. Controlar a tensão arterial em casa e nas consultas médicas
  10. Obter o apoio necessário de família e amigos.

 

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