Rússia e China opõem-se na ONU a sanções unilaterais defendidas pelos Estados Unidos

Agência Lusa , BMA
7 fev 2022, 22:45
ONU

Numa referência à Coreia do Norte, diplomata asiático apontou que as sanções da ONU geram “graves consequências humanitárias”

A Rússia e a China defenderam esta segunda-feira que apenas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas são legais, criticando a imposição “unilateral” de sanções por países como os Estados Unidos.

“Apenas as sanções do Conselho de Segurança são legais” e representam “uma ferramenta importante para responder às ameaças no mundo”, sustentou o vice-embaixador russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, durante um debate no Conselho de Segurança.

A Rússia, que preside a este importante órgão em fevereiro, iniciou esta segunda-feira um debate sobre as questões humanitárias e as consequências não intencionais das sanções.

Sem mencionar a crise na Ucrânia, que já levou Estados Unidos e União Europeia a ameaçar Moscovo com sanções em caso de invasão ao país vizinho, o diplomata russo aludiu às sanções “unilaterais” que “impedem a manutenção da paz” e são uma “interferência à soberania dos Estados”.

“Este golpe [sanções] é usado na Síria, Bielorrússia, Cuba, Venezuela, Irão, Afeganistão, Birmânia e Mali”, referiu.

Na mesma toada, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, frisou que “sanções unilaterais coercivas são uma grande fonte de preocupação”, porque “apenas agravam o equilíbrio de poder”.

Os países que utilizam [as sanções] estão viciados nestas como “numa droga”, atirou, apelando para que “desistam imediatamente”.

Numa referência à Coreia do Norte, o diplomata asiático apontou que as sanções da ONU geram “graves consequências humanitárias”.

Há mais de um ano que Pequim e Moscovo apelam ao levantamento de sanções a Pyongyang por parte do Conselho de Segurança, pedidos que têm sido rejeitados pelos países ocidentais.

A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, defendeu que a situação humanitária na Coreia do Norte é responsabilidade do próprio país.

“O principal obstáculo para enviar ajuda humanitária à Coreia do Norte é o encerramento das fronteiras decidido por este país e não as sanções internacionais”, defendeu.

A diplomata também se mostrou contra o argumento de que as sanções unilaterais são ilegais.

"Os Estados Unidos rejeitam categoricamente essa posição", vincou.

Linda Thomas-Greenfield denunciou o bloqueio exercido "com demasiada frequência" por certos membros do Conselho de Segurança sobre o "trabalho de rotina" relativo a sanções, de forma a impedirem o envio de indivíduos ou a renovação de grupos de especialistas responsáveis pela monitorização das medidas da ONU.

Em janeiro, após os testes sucessivos de mísseis norte-coreanos, China e Rússia bloquearam um pedido dos EUA para sancionar cinco norte-coreanos acusados de ajudarem na proliferação de armas.

Desde agosto, a Rússia também impediu a renovação do grupo de especialistas da ONU encarregado da República Centro-Africana, argumentando que a composição daquela equipa não era suficientemente diversificada geograficamente.

Estão atualmente em vigor em todo o mundo 14 regimes de sanções, afetando países como Líbia, Iémen, Mali, Sudão ou Somália, ou grupos ‘jihadistas’ como o Estado Islâmico ou a Al-Qaida.

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