Quem são os homens poderosos mortos no ataque de Israel ao Irão

13 jun, 10:09
Homens influentes mortos no ataque ao Irão

Militares, políticos, um diplomata e vários cientistas nucleares estão entre as vítimas do ataque sem precedentes, desta sexta-feira

O ataque desta sexta-deira de Israel contra o Irão matou algumas das mais importantes figuras militares, políticas e científicas do país. 

Entre os mortos, estão o mais alto oficial militar do Irão, o chefe do Corpo dos Guardas da Revolução e um antigo chefe da segurança nacional foram mortos na operação sem precedentes de Israel. As suas mortes vão provocar uma onda de choque no funcionamento militar do país e podem prejudicar seriamente a capacidade da República Islâmica de responder aos ataques de Israel. Eis o que precisa de saber sobre os três.

 

Hossein Salami

Chefe do secreto Corpo de Guardas da Revolução Islâmica desde 2019, de acordo com um registo de sanções dos Estados Unidos, citado pela CNN Internacional.  Nascido em 1960, Hossein Salami era um dos homens mais poderosos do Irão. Supervisionava o braço militar mais potente Corpo de Guardas da Revolução Islâmica e respondia diretamente ao líder supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei.

O Corpo de Guardas da Revolução Islâmica é uma das ferramentas mais poderosas do estado iraniano e tem sido fundamental para esmagar a dissidência em casa e projetar o poder do Irã no exterior.

De acordo com os analistas, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica financia e apoia uma vasta rede de milícias em toda a região. Acredita-se também que materiais e apoio aos Houthis do Iémen, permitindo que o grupo ataque navios internacionais no Mar Vermelho e lance mísseis e drones contra Israel.

Salami estava ao leme do IRGC quando o Irão lançou centenas de drones e mísseis contra Israel em abril e outubro do ano passado, nos primeiros ataques diretos do Irão em território israelita.

 

Mohammad Bagheri

Desde 2016, o major-general Mohammad Bagheri desempenhava as funções de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irão, que o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sedeado no Reino Unido, estima poder contar com mais de 500 mil efetivos no ativo.

O Estado-Maior é “o órgão militar de mais alto nível no Irão, que implementa a política e monitoriza e coordena as atividades dentro das forças armadas”, de acordo com um documento do Tesouro dos EUA de 2019, que estabelece sanções contra Bagheri.

Bagheri foi sancionado juntamente com outras nove pessoas próximas do Ayatollah Khamenei “que durante décadas oprimiram o povo iraniano, exportaram o terrorismo e avançaram com políticas desestabilizadoras em todo o mundo”, diz o documento.

Em abril, Bagheri encontrou-se com o ministro da Defesa saudita, o príncipe Khalid bin Salman Al Saud, em Teerão, numa rara visita de um alto funcionário da realeza saudita à República Islâmica.

No mês seguinte, a Reuters noticiou que, durante a reunião, o ministro da Defesa saudita tinha feito um aviso a Bagheri: levar a sério a oferta do Presidente Donald Trump de negociar um acordo nuclear, porque representa uma forma de evitar o risco de guerra com Israel.

 

Ali Shamkhani

Ali Shamkhani era um assessor próximo do líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, e representou Teerão nas conversações que selaram um acordo histórico para restabelecer as relações diplomáticas com a Arábia Saudita.

A rede de televisão estatal iraniana IRINN confirmou a sua morte após os ataques sem precedentes de Israel na sexta-feira.

Shamkhani foi o principal responsável pela segurança nacional do país durante uma década, a partir de 2013, e antes disso desempenhou uma série de funções importantes, nomeadamente no Corpo de Guardas da Revolução Islâmica e no Ministério da Defesa.

Shamkhani representou o Irão nas conversações mediadas pela China com funcionários sauditas, que levaram os dois países a concordar em restabelecer relações diplomáticas após anos de hostilidade. Mas foi abruptamente substituído em meados de 2023.

Em abril, dias antes das conversações com os EUA, avisou que Teerão poderia expulsar os inspetores nucleares da ONU e cessar a cooperação com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) se se sentisse ameaçado.

 

Gholam Ali Rashid

O comandante do Quartel-General Central do Khatam al-Anbia do Irão, Major-General Gholam Ali Rashid, e o seu filho foram mortos no ataque desta sexta-feira de Israel contra o Irão.

Nascido em 1953, em Dezful, Ali Rashid desempenhou papéis-chave nas mais altas esferas militares do país.

Foi comandante do Quartel‑General Khatam‑al Anbiya, a principal estrutura de comando das Forças Armadas iranianas. Foi também vice‑chefe do Estado‑Maior das Forças Armadas do Irão, sendo uma figura influente na coordenação das forças militares.

Era um veterano da guerra do Irão com o Iraque (1980–1988) e fazia parte do círculo estratégico dos altos comandantes no Irão, ao lado de nomes como Qasem Soleimani, Mohammad Bagheri (também morto no ataque) e Ali Fadavi.

 

Mohammad Mahdi Tehranchi

O físico Mohammad Mahdi Tehranchi era um dos mais importantes cientistas nucleares iranianos.

Nasceu a 21 de março de 1965, em teerão e fez o doutoramento em Física Teórica na Rússia, no Moscow Institute of Physics and Technology.

Foi supervisor de projetos ligados ao teste de explosão nuclear do Amad Plan, o programa nuclear militar iraniano pré-2004, trabalhou com entidades como o Organization of Defensive Innovation and Research e o Defense Industries Training and Research Institute, envolvido em pesquisas sensíveis a armas nucleares.

Em 2020, foi incluído na lista de pessoas e entidades sancionadas pelos Estados Unidos, por causa do seu papel no desenvolvimento nuclear .

 

Fereydoon Abbasi-Davani

Nascido em 11 de julho de 1958, em Abadan, Irão. Fereydoon Abbasi-Davani formou-se em física nuclear e lecionou nas mais conceituadas universidades iranianas.

Foi uma peça central no desenvolvimento do programa nuclear iraniano com fins potencialmente militares. Fixou-se na expansão da produção de combustíveis nucleares e investigação de sistemas para armas.

Em 2014, admitiu que o Irão ocultou dados à IAEA para evitar eventuais sabotagens.  

A 29 de novembro de 2010, sobreviveu a um atentado, quando uma bomba colocada no seu carro o deixou gravemente ferido e matou o seu colega Majid Shahriari. As autoridades iranianas atribuíram o ataque a operações clandestinas israelitas. 

Abbasi-Davani foi chefe da Atomic Energy Organization of Iran (AEOI) entre fevereiro de 2011 e agosto de 2013, nomeado pelo então presidente Ahmadinejad.

Foi também membro do Parlamento iraniano (Conselho Consultivo Islâmico) e fez parte da Guarda Revolucionária Islâmica, com patente de brigadeiro‑general.

Além destes, o ataque de Israel contra o Irão matou ainda os cientistas nucleares Abdulhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Seyyed Amirhossein Faqhi e um outro identificado apenas como Motlabizadeh.

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