PCP quer comemorações populares do 25 de Abril sem máscara: "Nada justifica a obrigatoriedade"

19 abr 2022, 20:14
Todos os anos a Avenida de Liberdade se enche de gente para celebrar o 25 de Abril. Pela primeira vez em 46 anos de democracia, não se viu vivalma

Partido entende que o facto de as celebrações decorrerem ao ar livre dá espaço ao alívio da regra de máscara. Recordamos como foi nos anos anteriores

O PCP quer que as comemorações do 25 de Abril deste ano decorram sem a utilização de máscara. À CNN Portugal, o partido comunista lembra que as cerimónias vão decorrer “ao ar livre”, pelo que “nada justifica a obrigatoriedade da máscara”.

“Decorrendo as comemorações populares do 25 de Abril em espaço ao ar livre, nada justifica a obrigatoriedade de máscara”, afirma o PCP em resposta oficial.

Portugal vai celebrar pela terceira vez a histórica data em tempos de pandemia, naquele que é também o primeiro ano em que o 25 de Abril se celebra com mais dias de democracia do que ditadura.

25 de Abril volta à rua, o que não aconteceu em 2020

As comemorações deste ano terão um cenário bem diferente das anteriores: em 2020 e 2021 houve sessão solene, mas fora do Parlamento foi diferente. Para a história ficou a imagem, em 2020, de um homem a subir a Avenida da Liberdade, em Lisboa, completamente só, com a bandeira de Portugal.

Avenida da Liberdade vazia no 25 de Abril de 2020 (José Sena Goulão/Lusa)

É que Portugal tinha acabado de entrar no terceiro estado de emergência, e a pandemia era ainda algo desconhecido. No Parlamento a situação foi outra, o que acabou por causar controvérsia. O presidente do CDS foi dos primeiros a dizer que não ia comparecer: "É um péssimo exemplo aos portugueses", afirmou então Francisco Rodrigues dos Santos.

De opinião diferente foi o Governo, encabeçado pela ministra da Saúde, que garantia não só as comemorações do 25 de Abril, mas também as do 1 de Maio: "Não prescindiremos de o fazer", disse, na altura, Marta Temido.

Eduardo Ferro Rodrigues, então presidente da Assembleia da República, afinou pelo mesmo diapasão, dizendo que "seria completamente estúpido" fechar o Parlamento nessa ocasião.

Mas a questão também chegou à sociedade civil e uma petição online que pedia o cancelamento das cerimónias chegou a ter 100 mil assinaturas.

A dois dias da data chegou a legitimação da Direção-Geral da Saúde (DGS), que até indicou que não seria necessária a utilização de máscara, uma vez que o edifício era "grande".

"É um edifício grande, tem uma área e uma cubicagem grande, tem uma parte de baixo e galerias e estarão garantidas todas as condições para que as pessoas estejam em distanciamento social. Existem circuitos de entrada e de saída. As pessoas não se cruzam necessariamente”, afirmou Graça Freitas na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia de covid-19.

2021 já com rua

Em abril de 2021 Portugal entrava numa terceira fase de desconfinamento, depois dos duros meses de janeiro e fevereiro, em que chegaram a morrer mais de 300 pessoas por dia com covid-19.

Estavam, portanto, reunidas condições para que as festividades se voltassem a realizar também na rua, algo que a DGS confirmou a 20 de abril.

"A Direção-Geral da Saúde considera que existem condições para a viabilização do desfile comemorativo do 25 de Abril”, foi dito na altura.

Mas a participação nas comemorações foi reduzida por decisão da Associação 25 de Abril, o que motivou críticas dos partidos, nomeadamente do Volt e da Iniciativa Liberal, sendo que estes últimos até foram mais longe, organizando um convívio próprio para a celebração.

Entre avanços e recuos, a Comissão Promotora das comemorações populares do 25 de Abril alertou que apenas quem fosse convidado podia integrar o desfile, e apelou a todos que cantassem a "Grândola Vila Morena" à janela, como foi feito em 2020.

Cravos e máscaras descem Avenida da Liberdade (Lusa)

Passados apenas dois dias a organização mudou de opinião, alargando o desfile na Avenida da Liberdade a "todos os interessados", desde que cumprissem as regras sanitárias então impostas pela Direção-Geral da Saúde.

Para 2022 ainda não se sabe ao certo o que vai ser feito, mas são esperadas menos restrições. A Iniciativa Liberal vai manter um desfile próprio e várias cidades anunciaram já a intenção de realizarem diferentes eventos para as comemorações.

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