PCP critica atitude do Governo com docentes e diz que está a tempo de emendar

Agência Lusa , PP
28 jan 2023, 20:30
Paulo Raimundo (Lusa/Miguel A. Lopes)

Sobre se considera que a decisão dos serviços mínimos coloca em causa o direito à greve, como defendido por alguns sindicatos, Paulo Raimundo respondeu: “sim, acho que o Governo fez mal em ir por esse caminho”

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou hoje a posição do Governo face às manifestações dos professores, criando um “ambiente que não se justifica”, e defendeu que “está sempre a tempo de emendar o erro”.

Em declarações à agência Lusa e RTP no final de uma iniciativa sobre saúde materna, em Lisboa, onde esteve durante cerca de duas horas a ouvir testemunhos de profissionais de saúde e mães, Paulo Raimundo foi questionado sobre a decisão desta sexta-feira do Tribunal Arbitral de fixar serviços mínimos a pedido do Governo, para a greve por tempo indeterminado de professores e não docentes.

Sobre se considera que esta decisão coloca em causa o direito à greve, como defendido por alguns sindicatos, Paulo Raimundo respondeu: “sim, acho que o Governo fez mal em ir por esse caminho”.

“Temos dito isso várias vezes, o Governo fez mal em ir por esse caminho (…) está sempre a tempo de emendar o erro que tomou, acho que é um erro, está a criar um ambiente que não se justifica e esperemos que a intenção não seja ir mais longe”, avisou.

Interrogado, a título de exemplo, sobre o caso de crianças que apenas têm acesso a refeições nas escolas, Paulo Raimundo respondeu que é sensível a estas situações “dramáticas” mas salientou que estas têm “uma outra questão por trás que ainda é mais preocupante”.

“Se as crianças o único sítio onde podem ter uma refeição é na escola, então esse é que é o problema de fundo que a gente precisa de resolver (…) Até é um bocadinho insultuoso o Governo argumentar com uma coisa dessas”, atirou.

O dirigente comunista insistiu na necessidade de fixar preços de bens essenciais como forma de “ajudar a esse problema”, algo que o executivo “não tem feito”.

Líder comunista apela a “forte mobilização” dos sindicatos e profissionais na defesa do SNS

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, apelou ainda a uma “forte mobilização” dos sindicatos, profissionais de saúde e sociedade na defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), salientando a importância de preservar a saúde de mulheres e crianças.

Numa iniciativa intitulada “A saúde na gravidez, no parto e na infância - o papel essencial do Serviço Nacional de Saúde”, que decorreu hoje em Lisboa, Paulo Raimundo disse estar consciente dos desafios que o setor enfrenta mas salientou que “há muitas forças disponíveis para defender o direito à saúde das mulheres e das crianças, exigindo o reforço do SNS”.

“Para isso é necessária uma forte mobilização da nossa sociedade, dos profissionais de saúde, do movimento sindical, das populações, das comissões de utentes, das associações cívicas, de muitas personalidades que se posicionaram inequivocamente na defesa do SNS”, apelou.

O secretário-geral falava numa sala com algumas crianças, incluindo bebés, onde esteve durante cerca de duas horas a ouvir testemunhos de profissionais de saúde, mães e outros cidadãos, iniciativa na qual também participou Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP e responsável pela área da política de saúde do partido.

“Apelo a que tomem nas mãos a defesa do SNS, que é o mesmo que defender os direitos das mulheres e das crianças”, defendeu, alertando que “a saúde é também resultado das condições socioeconómicas em que a sociedade se insere”.

O líder comunista sublinhou que “o SNS desde a sua criação tem sido um exemplo de excelência de trabalho e dedicação no que à saúde maternoinfantil diz respeito”, enaltecendo que atualmente “praticamente 100% dos partos são feitos em meio hospitalar”.

“Não alinhamos no discurso do caos. Se denunciamos as carências do SNS, as carências que tem, é precisamente para procurar caminhos para superar essas mesmas carências”, vincou.

Para o PCP, o que é necessário é “aumentar a prevenção e a resposta e não fazer da gravidez, do parto e da saúde das crianças mais um negócio”.

Quanto ao encerramento de urgências de obstetrícia, Raimundo criticou o executivo: “O Governo optou agora, não por encerrar à descarada, mas por ir agendando devagarinho os encerramentos. Caros amigos a camaradas, nós já vimos este filme, isto levará ao objetivo que têm dos encerramentos definitivos”, alertou.

“E à pergunta de quanto custa esse SNS forte, capaz, robusto e a funcionar em pleno, quanto custa? A esta pergunta, respondemos com toda a clareza que terá os custos que forem necessários para garantir todos os acesso à saúde”, afirmou.

Na visão de Paulo Raimundo, os custos deste reforço do SNS seriam “menos do que entregar serviços ao privado”, situação que sai cara “ao país e ao orçamento do país”.

“Aquilo que a experiência nos tem demonstrado é que não estamos perante um problema de falta de dinheiro. Estivesse ele distribuído de outra forma, fosse ele para onde devia ir, estaríamos numa situação bem diferente”, vincou.

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