Quem viu o debate Costa/Rio de uma ponta à outra, possivelmente acabou com uma dor de cabeça

13 jan 2022, 22:37

António Costa manteve a gravata verde mas perdeu a “poker face”, treinada, com que tem aparecido sempre nos debates. Desta vez trouxe fotocópias, papéis e discursos de Rio para confrontar o líder do PSD. Pareceu no início levemente cansado, como quem já fez isto demasiadas vezes.

Rui Rio foi bastante igual a si próprio nos vários debates a que assistimos até agora. Até arranjou espaço para um elogio (ao presidente do Conselho de Administração do hospital de São João, que é socialista).

O mais “esclarecedor” do debate foi sabermos que, se ganhar com maioria relativa, António Costa pode procurar apoios, caso a caso, como fez António Guterres, ou com o PAN.  “Desde que não perca as eleições, cá estarei para encontrar soluções de governo”.

Nas restantes questões - saúde, impostos, salários, Segurança Social ou justiça, nenhum dos dois saiu do seu guião, nem se esperava.
O trabalho de casa do secretário-geral do PS foi bem feito e bem usado contra Rio em questões como a de querer pôr a classe média a pagar o acesso ao Serviço Nacional de Saúde. Sempre a argumentar com o “perigo” que representa a mudança que o PSD corporiza.

Rui Rio também veio preparado, mas soa sempre mais “normal”, o discurso é mais próximo do discurso do cidadão comum; não hesitou em dizer que culpa o PS pela crise orçamental, vincando que o PS não pode oferecer estabilidade se vencer as eleições porque não tem condições de reeditar a “geringonça”. Outro argumento fácil para a maioria dos portugueses e que o líder do PSD agarrou bem foi a TAP. Aquele preço do voo de Lisboa para São Francisco a comparar com a mesma viagem a partir de Madrid até dói. 

Ambos estiveram sempre uns decibéis acima do que era necessário. Não apresentaram propostas, atiraram propostas, contra os eleitores e um contra o outro. Quem viu o debate de uma ponta à outra, possivelmente acabou com uma dor de cabeça.

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