OMS declara mpox emergência de saúde pública global

14 ago, 18:38
Mpox (NIAID via AP, File)

Para já não há necessidade de medidas de saúde adicionais. Medida destina-se a permitir maior agilidade nos países mais afetados

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou esta quarta-feira a mpox como uma emergência de saúde pública global. Após uma reunião de avaliação que se centrou na propagação de casos em África, o organismo da ONU decidiu voltar a fazer um alerta mundial.

Em causa está uma nova variante, aparentemente mais letal, da mpox, que já havia declarado emergência de saúde pública em todo o continente africano. Uma situação que motivou uma reunião de emergência na qual especialistas independentes, através de uma reunião por videoconferência, aconselharam o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a anunciar o nível mais alto de alarme na lei de saúde internacional.

A Emergência de Saúde Pública Internacional (PHEIC, na sigla original) é o estado que a OMS dá a "eventos extraordinários" que colocam risco à saúde pública de outros países através da propagação internacional de doenças. Estes surtos podem exigir uma resposta internacional coordenada, o que fica facilitado desta forma.

"Isto é algo que nos devia preocupar a todos… O potencial para uma disseminação além África é muito preocupante", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Esta é, de resto, a segunda vez que a OMS tem uma decisão destas por causa da mpox, num cenário que já aconteceu oito vezes ao todo, incluindo com a covid-19.

A OMS toma esta decisão apenas um dia depois de o Centro de Controlo e Prevenção de África ter decretado o alerta no continente pela primeira vez, depois de terem sido confirmados 15 mil casos e 461 mortes só este ano.

O número de contágios conhecidos é muito superior ao do ano passado, sendo que este aumento de 160% relativamente ao mesmo período do ano passado nem deve espelhar totalmente a realidade de infeções.

Profissionais de saúde tentam ensinar crianças a lidar com a mpox em Goma, República Democrática do Congo (Augustin Mudiayi/Doctors Without Borders/Médicos Sem Fronteiras via AP)

A maioria dos casos concentra-se na República Democrática do Congo, mas o vírus começa a expandir-se para países como o Uganda, Quénia ou Ruanda, até porque o país de origem é o segundo maior do continente e faz fronteira com uma série de outros Estados.

Os novos casos conhecidos pertencem a uma variante distinta da que levou a OMS a declarar o alerta internacional em 2022, num estado que durou até maio de 2023. Temem os especialistas que desta vez a situação possa causar mais letalidade, até porque estão a morrer cerca de 3% das pessoas infetadas.

Há também a ter em conta algumas dificuldades nos meios de diagnóstico e nas capacidades de saúde básicas em muitos dos locais onde há surtos.

Surtos, mesmo assim no plural, é a palavra chave. O próprio diretor-geral da OMS frisou que a situação não está localizada, nem sequer controlada, uma vez que há vários focos de várias variantes, além de níveis de risco e meios de transmissão distintos.

Para já, esta decisão da OMS não implica qualquer tipo de obrigação, mas permite uma maior agilidade na compra e distribuição de vacinas, além de os governos africanos poderem saltar alguns processos burocráticos até aqui necessários.

De acordo com Madhu Pai, da escola de saúde global McGill, do Canadá, África precisa de pelo menos 10 milhões de vacinas, sendo que apenas estão disponíveis cerca de 200 mil. A vacina pode ser mesmo a chave para controlar de vez a situação, uma vez que foram a solução encontrada para estancar o problema quando ele surgiu no Ocidente.

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