"Olá, sou um refugiado do Twitter". Mastodon, Plurk e Reddit, as redes sociais que podem ganhar força após a compra de Elon Musk

27 abr 2022, 07:30
Redes sociais

Entrada de Elon Musk e previsível abertura dos algoritmos deixou muita gente descontente. No Twitter já se fala noutras redes sociais similares

Mastodon e Plurk, já ouviu falar? São redes sociais relativamente desconhecidas, mas que os utilizadores acreditam que podem vir a substituir o Twitter, plataforma comprada por Elon Musk, que já prometeu várias mudanças.

Tal como o Twitter, todas recorrem ao microblogging, forma de informação que permite aos utilizadores partilhar entradas, quase como se fosse um diário.

Um animal pré-histórico com olhos no futuro

"Olá, sou um refugiado do Twitter e estou aqui à procura de seguidores e de pessoas para seguir." Esta é uma das mensagens encontradas nas últimas horas no Mastodon, apontado como o grande sucessor do Twitter. Esta segunda e terça-feiras milhares de utilizadores disseram que estavam a abandonar o Twitter para aderirem ao Mastodon, uma plataforma em quase tudo semelhante, e que já reúne 4,4 milhões de pessoas, ainda assim bem longe dos mais de 300 milhões do principal rival. O seu símbolo, como o nome indica, vem do mastodonte, animal pré-histórico.

Talvez pela polémica entrada de Elon Musk no Twitter, o Mastodon decidiu, finalmente, disponibilizar a sua aplicação móvel para dispositivos Android. Fê-lo há dias, depois de se ter lançado para os equipamentos da Apple no ano passado.

Além da limitação de carateres (no Mastodon são 500), a rede social é quase similar ao Twitter na timeline e na forma das publicações. Criada em 2016, uma das novidades que introduz é a mistura de e-mail com tweets, possibilitando a interação entre os utilizadores em cada uma das publicações. No vídeo abaixo, publicado pela conta oficial da Mastodon, é explicado o básico da rede social.

Curiosamente, o principal motivo que faz os utilizadores moverem-se do Twitter para o Mastodon é a génese desta última rede social: um sistema de código aberto, onde são os utilizadores a gerir a conta. A diferença está na forma como são agregados os temas. Geral, tecnologia, LGBT, gaming, arte ou humor são apenas alguns dos grupos que podem ser encontrados. Muitos deles de acesso aberto, alguns com necessidade de convite.

Para entrar numa destas comunidades, que funcionam como servidores independentes, o utilizador segue os mesmos passos de um grupo criado no Facebook, por exemplo. Depois os membros de uma comunidade podem seguir utilizadores de outra. Pode escolher-se o tema, mas também o idioma e até o número de utilizadores, de 100 a 10 mil.

Ao contrário das redes sociais maiores, o Mastodon não tem nenhuma base de dados centralizada, comprometendo-se a não ficar com os dados de acesso e a não utilizar algoritmos para mostrar conteúdo, sobretudo publicitário.

"Ao contrário de outras plataformas, a Mastodon é descentralizada, o que significa que não existe um servidor, uma empresa ou uma pessoa a geri-la", afirma a própria rede social num vídeo de apresentação.

Timeline da Mastodon (WikiCommons)

Quanto aos termos, o retweet dá lugar ao boost, o like dá lugar ao favourite e o toot substitui o post, onde emojis, vídeos ou frases podem ser visualizados. Apesar das parecenças, quatro pontos principais distinguem o Mastodon do Twitter, provando mais uma vez que esta rede social foi buscar ideias a várias antecessoras.

Aos fóruns, como o Reddit, o Mastodon tem um recurso que lhe permite omitir parte de um conteúdo: é o chamado “alerta spoiler” e é muito utilizado para séries, filmes ou jogos.

É possível também personalizar os alvos do conteúdo. Como no Instagram, dá para definir “amigos próximos”, pessoas que terão acesso a todos os conteúdos publicados por outra, incluindo alguns mais “exclusivos”.

A personalização de endereços também está presente, podendo adaptar-se um nome de utilizador para cada comunidade, ao contrário das outras redes sociais, onde existe um único e-mail para aceder a tudo.

Novamente numa lógica de comunidade, todas as denúncias são verificadas pelos próprios utilizadores, que analisam publicações e podem punir o incumprimento das regras.

Plurk, onde as pessoas vão espreitar

Foi lançado apenas dois anos depois do Twitter, mas nunca conseguiu ter a mesma dinâmica, ainda que seja a rede social que mais se parece com a futura empresa de Elon Musk. O Plurk, que tem vários significados, foi apresentado pelos seus fundadores como uma rede social que tem, a avaliar pelo seu nome, os objetivos definidos: a junção das palavras "people" (pessoa) e "lurk" (espreitar) a um acrónimo que significa, em inglês, paz, amor, unidade, respeito e karma.

Também funciona como uma plataforma de microblogging, onde os utilizadores interagem através dos plurks, pequenas mensagens (até 360 carateres) que são dispostas numa timeline em ordem cronológica, tal como no Twitter.

Está disponível para Android e iOS e, nas palavras dos seus criadores, é "um sítio incrível onde se podem mostrar os acontecimentos que fazem a tua vida e seguir os acontecimentos das pessoas que te interessam". O registo leva apenas alguns segundos e são necessários o e-mail, uma palavra-passe e a data de nascimento.

No entanto, a novidade mais interessante será o "karma", uma ferramenta que mede a atividade do utilizador naquela rede social e que vai desde o "estado de criação" ao "estado de Plurk Nirvana", passando por vários outros estados consoante a qualidade e quantidade das intervenções. Publicações diárias, respostas de outros plurkers ou atualizações de perfil vão dar karma, enquanto conteúdos de spam, inatividade por um período longo ou rejeição de amizades vão diminuir o karma.

Rede social Plurk (Getty Images)

É possível fazer retweets, gostos ou responder a comentários, sendo que a grande diferença para o Twitter é a forma como se apresentam as mensagens. Do scroll de cima para baixo no Twitter passamos para uma linha temporal que anda da esquerda para a direita no Plurk, com mensagens organizadas por ordem cronológica. Caso sejam publicadas várias mensagens ao mesmo tempo, sobrepõem-se verticalmente. Outra novidade é a possibilidade de se publicarem cinco mensagens anónimas por dia.

Se nunca foi popular no Ocidente é em Taiwan que tem mais sucesso. A principal desvantagem está na impossibilidade de filtrar as publicações por idioma (como acontece no Mastodon). De resto, nas mensagens de alguns utilizadores esse foi um dos lamentos: "Uma pena que não se possa trocar a configuração do idioma, mas bem, não se pode ganhar sempre."

O veterano à procura de ganhar (ainda mais) terreno

Mas além do Mastodon e do Plurk, o Twitter tem mais um concorrente, o Reddit. Será, sem dúvida, a rede social mais conhecida das três. Fundada em 2005, ainda antes do Twitter, o Reddit até tem mais utilizadores: são cerca de 430 milhões, 50 milhões dos quais de forma diária.

E, de acordo com a comunidade digital, é para ali que podem migrar muitos utilizadores que decidam sair do Twitter.

Disponível na Play Store e na App Store, permite um manancial de coisas: desde fóruns sobre carros a fotografias de arte. O algoritmo construído faz com que vão aparecendo mais dos temas que são mais vistos. Por exemplo, se escolhe tecnologia, é natural que as opções mostrem computadores, videojogos ou outros aparelhos.

"Independentemente se te interessam notícias de última hora, desporto, teorias de telespectadores ou animais, há uma comunidade para ti", dizem os criadores. É também ali que se discutem dúvidas e se criam fóruns para responder a questões, com um moderador a ser responsável por cada comunidade, podendo aprovar ou não os comentários feitos.

Rede social Reddit (Getty Images)

No Reddit, e ao contrário das outras redes, o algoritmo tem maior relevância. De resto, são os próprios utilizadores que votam os conteúdos a ser publicados como interessantes ou não, com os conteúdos mais importantes a subirem na timeline.

Estas são apenas algumas das redes sociais que podem receber utilizadores "órfãos" do Twitter, como dizia um utilizador do Mastodon.

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