Mário Centeno diz que é preciso "estar atento aos riscos da digitalização" e do cibercrime

Agência Lusa
26 nov 2021, 13:31
Mário Centeno - Banco de Portugal

O governador do Banco de Portugal defende ainda a importância de os portugueses adquirirem competências digitais.

O presidente do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) e governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, advertiu nesta sexta-feira para a necessidade de "estar atento aos riscos da digitalização", e em particular do cibercrime.

"Reconhecendo os benefícios da transição digital, importa estar atento aos riscos da digitalização, em particular do cibercrime", considera Mário Centeno na conferência do Plano Nacional de Formação Financeira 2021-2025, que decorre no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

As orientações estratégicas do plano estão hoje a ser apresentadas e ficarão disponíveis para consulta em todoscontam.pt, prosseguindo os dez anos de articulação no projeto entre as entidades que fazem parte do CNSF: Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), aliadas a vários parceiros institucionais.

Mais literacia digital

O governador do Banco de Portugal considerou "fundamental que os cidadãos adquiram as competências digitais necessárias para aceder e contratar os produtos financeiros em segurança".

"É essencial promover a formação financeira digital, contribuindo para a utilização segura e confiante dos produtos e serviços financeiros digitais e para a adoção de comportamentos de prevenção da fraude 'online'", acrescentou Centeno.

O governador do BdP disse ainda que "também é muito importante evitar o risco da exclusão financeira por via da exclusão digital", considerando que a formação também tem "um papel importante a desempenhar no reforço da resiliência financeira das famílias e das micro e pequenas empresas".

Na mesma sessão de apresentação, o vice-governador do Banco de Portugal Luís Máximo dos Santos reforçou a mensagem, alertando que, apesar dos canais digitais serem "muito convenientes" e proporcionarem "maior rapidez aos consumidores no momento de contratar produtos e serviços", encerram riscos.

"A sua utilização deve ser acompanhada da adoção de medidas de precaução e mitigação de riscos, sob pena de os consumidores virem a ser alvo de tentativas de fraude e cibercrime que provocam custos imediatos para as vítimas", alertou.

Luís Máximo dos Santos lembrou que a pandemia de covid-19 reforçou a utilização dos canais digitais, "mesmo entre os consumidores que habitualmente o não faziam, por possuírem menos competências digitais ou por receio dos riscos associados".

"Esta franja da população ficou mais vulnerável à fraude, e infelizmente há sempre pessoas à espreita de oportunidades à custa do prejuízo dos outros", considerou.

Já a presidente da ASF, Margarida Corrêa de Aguiar, focou a sua intervenção em fatores demográficos mais estruturais.

Poupanças continuam baixas

"O aumento da longevidade está a forçar a uma alteração na forma como o rendimento e o consumo são distribuídos ao longo do ciclo de vida. É necessário gerar mais rendimento, e/ou acumular mais poupança durante a vida ativa", elencou.

Segundo a presidente da ASF, "em termos históricos, Portugal apresenta um perfil de poupança dos particulares relativamente baixo, que conjugado com as perspetivas de envelhecimento da população, nos convoca a agir em relação à adequação dos rendimentos nas idades mais avançadas".

Margarida Corrêa de Aguiar relembrou que em Portugal "a taxa de poupança das famílias, de 9,5% em junho, de acordo com o Eurostat, continua consistentemente abaixo da média da União Europeia, que se situava em 18,1%".

A presidente da ASF também relembrou que segundo um inquérito do Banco Central Europeu (BCE) de 2017, "a percentagem de famílias com planos voluntários de pensões e/ou seguros, em Portugal, era igual a 13,2%, menos de metade da percentagem apurada para a área do euro, 28,4%".

"Estes indicadores sugerem que o reforço da resiliência financeira passa também pela tomada de consciência para a necessidade de poupar para o futuro, de forma a criar redes complementares de segurança que permitam envelhecer com dignidade", sustentou.

No final das intervenções de abertura, Rui Pinto, administrador da CMVM, focou-se na questão da sustentabilidade, salientando que "são cada vez mais os investidores, emitentes e aforradores" que incorporam este tipo de fatores "como elemento central nas suas decisões".

"A existência de um mercado credível e dinâmico de financiamento sustentável, fortemente mobilizador de capital, requer que esta transição seja acompanhada de uma adequada divulgação de informação em matéria de sustentabilidade, e integração e gestão dos riscos de sustentabilidade nos processos de decisão de investimento por parte das empresas do setor financeiro e não financeiro", considerou.

O administrador da CMVM referiu-se especificamente à garantia de que "o capital investido em produtos que incorporam princípios de sustentabilidade se traduz realmente num impacto positivo no ambiente ou na sociedade".

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