Lábios esticados e narizes com botox. 43 camelos desqualificados em concurso de beleza na Arábia Saudita

14 dez 2021, 15:41
Camelo no festival Janadriyah (Hassan Ammar/AP)

O prémio final de 58 milhões de euros leva muitos concorrentes a infringirem as regras do concurso, que este ano teve uma mão mais pesada

Todos os anos, a Arábia Saudita organiza um popular concurso de beleza de camelos. O problema é que, este ano, 43 animais foram desqualificados, num total de 147 casos identificados de adulteração. O motivo? Foram submetidos a tratamentos de beleza, como botox e outros retoques artificiais.

A competição faz parte do festival de camelos do rei Abdulaziz, um evento popular que decorre ao longo do mês de dezembro, na capital Riade. Os criadores dos camelos mais bonitos do reino são convidados a apresentar os seus animais, competindo por um prémio final avaliado em 66 milhões de dólares (cerca de 58 milhões de euros).

Injeções de botox e outras cirurgias estéticas ou alterações cosméticas que façam com que os camelos fiquem mais bonitos são estritamente proibidas e o júri deste ano não teve complacência para com a infração das regras. De acordo com a agência Saudi Press, os membros do júri estiveram especialmente atentos à utilização de tecnologia "avançada e especializada" no embelezamento dos animais.

Quanto aos camelos a concurso, são avaliados sobretudo pela cabeça, pescoço, bossa, postura e indumentária.

Na edição deste ano, os fiscais do concurso descobriram que dezenas de criadores esticaram os lábios e os narizes dos camelos, utilizando hormonas ou botox para mexerem nos músculos dos animais.

"A organização está empenhada em acabar com todos os atos de adulteração e embelezamento dos camelos", afirmou um membro da organização à Saudi Press.

Uma multa por injeção de botox ou hormonas pode chegar aos 27 mil dólares por camelo (perto de 24 mil euros).

Manter a tradição

O concurso de beleza de camelos está no centro de um enorme festival dedicado à espécie. Além daquele certame, existem também corridas, vendas e outras atividades relacionadas com camelos. O objetivo passa por preservar o papel dos animais na tradição beduína, que se teme que vá sendo perdida com a modernização imposta pelo aparecimento do petróleo, que vai tornando as zonas de deserto mais remotas.

O camelo tem sido um importante ajudante na vida humana no Médio Oriente e em outras zonas áridas do planeta. Na Arábia Saudita, faz parte de um negócio muito lucrativo, e a espécie é altamente protegida, havendo mais de 1,5 milhões de animais registados nos serviços.

Para os beduínos, que existem desde o século VII e se espalham por vários países, o camelo é um meio fundamental para a sobrevivência. Além de ser um meio de transporte, é também uma forma de garantir leite, carne e pele para a vida no deserto.

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