Filho de Paul Auster acusado de homicídio da filha de dez meses

CNN Portugal , MJC
18 abr 2022, 11:17
Police (REUTERS)

Daniel Auster, de 44 anos, injetou heroína e adormeceu na cama, ao lado da bebé. Quando acordou, a menina estava morta. A autópsia determinou que tinha morrido de overdose

Daniel Auster, o filho do conhecido escritor norte-americano Paul Auster, é acusado do homicídio da sua filha de dez meses, que morreu com uma overdose de fentanil e heroína.

A menina, Ruby, foi encontrada inconsciente no dia 1 de novembro em casa, em Park Slope, Brooklyn, e foi declarada morta no Hospital Metodista de Brooklyn. O gabinete de medicina legal determinou, mais tarde, que ela morreu devido a uma “intoxicação aguda” das drogas, disse a polícia. Daniel Auster, que tem 44 anos e trabalha como paisagista, foi detido na sexta-feira, quando foram conhecidos os resultados dos exames toxicológicos.

A mãe de Ruby e mulher de Auster, Zuzan Smith, disse à polícia que a bebé estava acordada e parecia bem, antes de sair para o trabalho naquela manhã. O pai confessou que, depois de Zuzan sair de casa, se injetou com heroína e adormeceu na cama, ao lado da criança. Quando acordou, a filha estava "azul" e inconsciente. Antes de ligar para o 911 (número de emergência médica nos EUA), o pai, temendo que a menina "tivesse sido exposta à heroína", administrou-lhe Narcan, uma droga para reverter a overdose, e tentou ele próprio fazer uma reanimação. 

A menina tinha droga suficiente no seu corpo para “tornar um adulto inconsciente”, disse o procurador-adjunto Tien Tran ao Tribunal Criminal do Brooklyn. Para já, ainda não é claro como é que a criança ingeriu a droga.

No domingo, Daniel Auster foi indiciado por homicídio em segundo grau (involuntário), por homicídio por negligência e por colocar em risco o bem-estar de uma criança, de acordo com a queixa-crime apresentada ao tribunal. O juiz estabeleceu a fiança em 100 mil dólares (92,4 mil euros) em dinheiro ou 250 mil dólares (231 mil euros) de seguro e marcou uma audiência para quinta-feira para determinar se há evidências suficientes para o caso prosseguir.

Segundo John Godfrey, advogado da Legal Aid Society, responsável pela defesa, depois da morte da filha, Daniel Auster participou num programa de reabilitação e mantém-se sóbrio desde então. 

"Este caso é dolorosamente trágico, e Auster continua devastado pela perda da sua amada filha, Ruby", disse Godfre, citado pelo New York Times. “O uso de substâncias é um problema que afeta inúmeras famílias americanas, pedimos ao público para não fazer qualquer julgamento apressado e respeitar a privacidade da família neste momento difícil”.

Esta não é a primeira vez que Daniel Auster tem problemas com a justiça. Em 1998, quando tinha 20 anos, declarou-se culpado por possuir três mil dólares que tinham sido roubados a Andrew Melendez, um traficante de drogas também conhecido como Angel, que tinha sido morto dois anos antes pelo dono de um clube, Michael Alig, e um cúmplice. Os dois homens mataram e desmembraram Angel e atiraram o seu corpo para o rio Hudson. Auster declarou que testemunhou o homicídio e recebeu o dinheiro em troca pelo seu silêncio. Foi sentenciado a liberdade condicional, mas o tribunal considerou que ele não estava implicado na morte. Alig viria a morrer em 2020, vítima de overdose.

Daniel Auster voltou a ser detido por posse de drogas em 2008 e 2010.

À imprensa americana, Paul Auster, romancista premiado e autor de best sellers como "Trilogia de Nova Iorque" e "Leviathan", recusou-se a comentar o caso.

E.U.A.

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