José Manuel Anes foi atacado à faca na segunda-feira, dentro da própria casa. Ana Anes fica em prisão preventiva a aguardar julgamento, estando para já no hospital prisional de Caxias para receber acompanhamento psiquiátrico
Há cinco anos que José Manuel Anes era perseguido pela filha Ana, com ameaças de morte nas redes sociais. Esta pretendia que o pai, antigo presidente do Observatório de Segurança e Terrorismo, colocasse em nome dela a propriedade de uma casa na Costa de Caparica, Almada, para que Ana a pudesse vender e arrecadar dinheiro – uma vez que não tem trabalho nem outra forma de subsistência. É este o móbil do crime apurado pela investigação da Polícia Judiciária e do DIAP de Lisboa – o motivo pelo qual a mulher, com cerca de 40 anos, tentou matar o pai ao final da manhã desta segunda-feira.
De resto, foi por temer que a filha concretizasse as ameaças que José Manuel Anes, hoje com 81 anos, passou a viver com a atual mulher na casa de uma amiga desta em Lisboa, onde acabou por ser atacado. Domingo, dia 19, recebeu uma mensagem ameaçadora da filha; e na manhã seguinte, pelas 11h00, foi surpreendido na casa onde vive: Ana tocou à porta e o pai abriu, pensando tratar-se da entrega de uma encomenda. Foi desde logo atirado ao chão pela filha, que a seguir o agrediu com vários murros pelo corpo todo. Depois, com um objeto cortante, atingiu-o na cabeça, pernas, mãos e abdómen, até que, por fim, lhe pressionou os dois olhos com os dedos, deixando-o sem ver.
Ana Anes só fugiu quando pressentiu a chegada de alguém ao apartamento, o que se revelou falso alarme: José Manuel Anes, que se manteve imóvel no chão, apenas foi socorrido duas horas depois das agressões, quando a sua amiga, proprietária da casa, chegou. O INEM foi acionado depois das 13h00, tendo a vítima sido transportada para as urgências do Hospital de São José, onde ainda se encontra. Sofreu um traumatismo craniano e vários ferimentos graves, como perfurações na zona dos intestinos, o que obrigou a intervenções cirúrgicas.
A seguir ao crime, e depois de se colocar em fuga, até ter sido localizada e detida pela Polícia Judiciária na mesma noite, Ana Anes fez várias publicações na rede social Facebook a confessar o crime. Segundo a indiciação do Ministério Público no DIAP de Lisboa, com a qual o juiz de instrução concordou, Ana Anes teve por objetivo retirar a vida ao pai – vingando-se do facto de a vítima se ter recusado a colocar em nome dela a propriedade da casa na Margem Sul do Tejo.
Ficou em prisão preventiva a aguardar julgamento, estando para já no hospital prisional de Caxias para receber acompanhamento psiquiátrico.