Sporting perde os dois presidentes

30 jun 2000, 02:50

Demissões de Duque e Roquette criam vazio de poder Confirmou-se a ruptura na liderança do Sporting. José Roquette e Luís Duque, presidentes do clube e da SAD, resignaram no mesmo dia aos cargos que ocupam. Hoje espera-se para ver o que fará o treinador Augusto Inácio perante o vazio de poder.

O Sporting tinha dois presidentes e ficou sem nenhum duma assentada. Luís Duque antecipou-se à demissão de José Roquette e anunciou a sua saída da liderança da SAD. Três horas depois confirmou-se que Roquette vai deixar de presidir ao clube que conquistou este ano o título de campeão nacional, que lhe fugia há 18 anos. A ruptura anunciava-se desde o início da semana, após as acusações que Duque e Roquette trocaram. No final de várias reuniões os dois homens ainda disseram que estavam resolvidos os diferendos, mas era uma paz podre. 

Na tarde de quinta-feira, Roquette convocou o Conselho Directivo e o Conselho Leonino do clube, para anunciar que ia sair. Duque antecipou-se e, enquanto decorria a reunião dos órgãos sociais dentro do estádio de Alvalade, foi à sala de imprensa dizer que quem saía era ele, mais a administração da SAD. 

O anúncio de Duque prolongou a reunião dos restantes membros dos órgãos sociais do clube (nos quais se incluiram os ministros Jorge Coelho e Ferro Rodrigues), mas Roquette não recuou na decisão. Perto das duas da manhã de hoje, sexta-feira, Miguel Galvão Teles, o presidente da Assembleia Geral do clube, confirmou a saída de Roquette.  

Galvão Teles garantiu que tanto Roquette como Duque continuarão a assegurar funções até que se resolva a situação, para poder preparar a época. 

Duque bateu a torto e a direito 

Luís Duque demitiu-se com um discurso em que deixou bem claro que há desavenças antigas no clube e em que pouca gente escapou às suas críticas. A principal excepção é Inácio, a quem Duque pediu que se mantivesse no cargo de treinador.  

«Não quero ser motivo de divisão da família sportinguista. Neste momento em que o senhor presidente do clube vai anunciando pelos corredores que não tem condições para continuar, pelos príncipios de solidariedade somos nós que temos de sair», disse Duque. «Disse ao doutor Roquette que sairia quando ele saisse ou quando ele me dissesse para sair. Nunca teve coragem para o fazer frontalmente. Desabafa agora que não consegue trabalhar connosco. Eu saio.» 

A causa próxima da ruptura foi a demissão de Manolo Vidal, director do departamento de futebol, na passada sexta-feira. No seu discuro, Duque não poupou Manolo Vidal. Acusou-o, entgre outras coisas, de se intrometer em assuntos que não lhe diziam respeito e de ter pedido um ordenado de 1250 contos. 

Duque insinuou também que o trabalho da administração da SAD foi boicotado e acusou os que estão há muito tempo no clube: «Afinal parece que há indispensáveis. São aqueles que estão nos orgãos sociais do clube, que já cá estão há muitos anos. Não dão a cara, não arriscam, conspiram na cara das pessoas. Não vou dizer nomes aqui porque não lhes dou essa importância.» 

«A questão é definir que tipo de relacionamento deve haver com a «holding» do Sporting. Nós tivémos sete meses de desgaste», prosseguiu Duque. «Este clube tem de deixar de ser uma feira de vaidades. É esta a grande opção que o Sporting tem de fazer: quer ou não quer mudar?»

Inácio no centro da questão 

Pelo meio, Duque deixou ainda um apelo ao treinador Augusto Inácio para que fique no clube, apesar de tudo. Duque disse que Inácio também se tinha queixado de que havia muitos problemas para resolver e garantiu que estava a tentar fazê-lo.  

Inácio tem um grande capital junto dos sócios e terá, portanto, um papel importante na relação de forças dentro do clube. Para hoje espera-se um anúncio da posição do treinador.

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