Coreia do Norte ameaça lançar mísseis nucleares contra a Coreia do Sul

5 abr 2022, 05:51
Video de propaganda da Coreia do Norte: Kim Jong Un assiste a lançamento de míssil

Irmã de Kim Jong-Un avisou que qualquer ação militar de Seul contra o vizinho do norte terá como resposta um ataque nuclear "inimaginavelmente terrível"

O governo da Coreia do Norte ameaçou atacar a Coreia do Sul com armas nucleares caso seja alvo de provocações do vizinho do Sul. A ameaça foi feita esta terça-feira pela poderosa irmã do líder norte-coreano Kim Jong-Un. 

As palavras de Kim Yo Jong surgem quando cresce a preocupação em Seul sobre o rearmamento da Coreia do Norte, que no mês passado voltou a testar um míssil balístico intercontinental, algo que não ousava fazer desde 2017. As autoridades sul-coreanas responderam com testes de mísseis de precisão, e cresce o debate no país sobre a possibilidade de lançar um ataque preventivo que impeça uma nova escalada armamentista do regime de Pyongyang. O próprio ministro da Defesa sul-coreano admitiu esse cenário, perante imagens de satélite e informações dos serviços secretos da Coreia do Sul e dos EUA que indicam que Kim estará a tentar reativar um local de testes atómicos subterrâneos que foi destruído em 2018.

É neste crescendo de tensão que Kim Yo Jong eleva o tom, com a declaração desta terça-feira, depois de já ter lançado uma ameaça semelhante no fim de semana: se a Coreia do Sul atacar o Norte, ainda que com forças convencionais, a resposta será nuclear e irá “aniquilar” a capacidade militar do país vizinho. 

Kim Yo-jong considerou os comentários do ministro da Defesa da Coreia do Sul, Suh Wook, como um "devaneio fantástico" e "histeria de um lunático", mas deixou bem clara a ameaça: a Coreia do Norte não quer outra guerra na península coreana, mas retaliará com as suas forças nucleares se o Sul optar por ataques preventivos ou qualquer outro tipo de ataques. A resposta nuclear do Norte, prometeu a irmã do ditador, deixaria a capacidade militar do Sul "pouco aquém da destruição total e da ruína".

Se os militares sul-coreanos violarem o território da Coreia do Norte, enfrentarão um "desastre inimaginavelmente terrível" e a força de combate nuclear do Norte terá inevitavelmente de cumprir o seu dever, disse Kim Yo Jong, observando que o Sul pode evitar este destino ao deixar cair qualquer "sonho fantástico" de lançar um ataque preventivo contra um estado com armas nucleares.

As declarações da irmã de Kim Jong-Un, que integra o governo de Pyongyang e a cúpula do Partido Comunista, são vistas como um aviso ao novo presidente-eleito da Coreia do Sul, que tem preconizado o rearmamento do país e uma colaboração mais estreita do o aliado norte-americano. 

Yoon Suk-yeol, eleito presidente da Coreia do Sul há menos de um mês, já defendeu no passado a possibilidade de ataques preventivos à Coreia do Norte, tem defendido a compra de mais mísseis norte-americanos, e quer intensificar a cooperação militar com os EUA e melhorar as relaçoes com o Japão, o mais importante aliado americano no Pacífico.

Na sexta-feira passada, o ministro da Defesa sul-coreano, Suh Wook, disse que o seu Exército tem uma variedade de mísseis com alcance, precisão e poder significativamente melhorados, com "a capacidade de atingir com precisão e rapidez qualquer alvo na Coreia do Norte".

Pyongyang estará a aproveitar estas declarações de Suh para "lançar um aviso à nova administração sul-coreana", na leitura de Rachel Minyoung Lee, uma analista do projeto 38 North baseado nos EUA, que monitoriza a Coreia do Norte. Por outro lado, estas declarações sugerem que Pyongyang estará a preparar o público norte-coreano para uma possível mudança nas relações inter-coreanas, assim que Yoon tomar posse em maio, acrescentou Lee, citada pela agência Reuters.

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