UE ameaça abolir regulamentos de transferências

11 ago 2000, 20:50

Comissão Europeia agastada com demora da FIFA A Comissão Europeia voltou a insitir na ameaça de abolir os regulamentos que prevêm o pagamento de indemnizações pela transferência de jogadores no decorrer do contrato. A decisão, de consequências inimiagináveis para o futebol europeu, poderá ser precipitada por uma decisão do Tribunal Europeu de Justiça, à semelhança do que aconteceu com o acordão Bosman

A Comissão Europeia reforçou as ameaças de avançar com a abolição do regulamento que prevê o pagamento de verbas pela transferências de jogadores, face à demora da FIFA em propor uma solução alternativa. Se a decisão se tornar efectiva, qualquer jogador poderá trocar de clube a meio do contrato sem que o anterior patrão receba qualquer compensação. 

«Estamos muito desapontados por a FIFA não nos ter apresentado propostas. As coisas pareciam ir na direcção certa, mas agora vamos prosseguir com a nossa decisão», afirmou à agência Reuters Amelia Torres, porta-voz da comissão europeia. 

A ideia de abolir os regulamentos, defendida pelo comissário europeu para a concorrência, Mario Monti, baseia-se no argumento de que a obrigação de pagamento de uma indemnização pela transferência de um jogador viola as leis comunitárias de concorrência e o direito ao trabalho. 

A FIFA e a UEFA insurgiram-se sempre contra esta ideia, reclamando um estatuto especial para o desporto. Aliás, continuam a insurgir-se também contra o acordão Bosman, que representou o fim do pagamento das indemnizações a jogadores em final de contrato. 

Karl-Heinz Rummenigge juntou-se hoje às vozes que falam num cenário de apocalipse para o futebol, se a legislação avançar. «Se a União Europeia conseguir o que quer, a pequena guerra que temos neste momento transformar-se-á numa grande guerra», afirmou o actual director-técnico da Federação alemã. 

Caso Perugia pode precipitar acontecimentos 

A questão poderá ser incontornável em breve. O Tribunal Europeu de Justiça tem em mãos um novo caso que poderá ter os mesmos efeitos para as transferências durante o contrato do que aquelas que teve o acordão Bosman para as saídas em final de contrato. 

O caso foi levantado pelo Perúgia, após um litígio com um clube belga por causa da contratação de um jogador que ainda tinha vínculo ao clube. Os italianos alegam que não têm de pagar e, se o Tribunal lhes der razão, estará aberto outro precedente, tal como aconteceu em 1995 com a sentença Boman.

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