Ministério Público já deduziu uma acusação com 33 crimes
O Ministério da Administração Interna (MAI) esclareceu esta quinta-feira que alguns dos militares da GNR envolvidos num caso de tortura e humilhação de migrantes em Odemira foram suspensos daquela força de segurança num outro caso que já transitou em julgado. Em reação a uma investigação conjunta de TVI e CNN Portugal, o Ministério adianta ainda que um militar foi demitido e outros dois militares foram suspensos na sequência desse outro processo.
De acordo com um comunicado da GNR, apenas dois do total de sete militares envolvidos se encontram suspensos atualmente.
O caso de Odemira já motivou uma acusação do Ministério Público, que imputa um total de 33 crimes aos militares, entre os quais entre os quais sequestro, ofensas à integridade física qualificada e abuso de poder.
A investigação foi aberta depois de a Polícia Judiciária ter detetado várias imagens nos telemóveis dos suspeitos, nas quais imigrantes são humilhados, torturados e agredidos.
"O conteúdo das imagens exibidas não corresponde ao padrão de comportamento que a GNR e os seus militares devem ter no exercício das suas funções", frisa o MAI.
As vítimas são imigrantes oriundos do Bangladesh, Nepal e Paquistão, e trabalhavam nas estufas em Odemira.
De acordo com a reação do MAI, a acusação do Ministério Público tem "factos suscetíveis de justificar a responsabilização dos arguidos também em sede de processo disciplinar".
A nota do ministério lembra ainda que cinco dos militares já foram condenados a penas de prisão suspensas por crimes de ofensas à integridade física ou sequestro, entre outros. Desses cinco, três são comuns ao processo agora divulgado por TVI e CNN Portugal.
GNR diz que denunciou o caso, mas não revela situação dos militares
Em reação à investigação de TVI e CNN Portugal, a GNR afirma que foi a própria instituição a denunciar os factos em causa. No entanto, e ao contrário do que fez o MAI, aquela força de segurança não revela qual a atual situação dos militares suspeitos, que o Governo já disse terem sido demitidos ou suspensos.
A GNR diz que, assim que teve conhecimento do caso, reportou-o de imediato ao Ministério Público e à Inspeção-Geral da Administração Interna, órgão que fiscaliza a atuação das forças de segurança, e que também instaurou um processo de inquérito.
Em comunicado, a GNR diz ainda que não se revê na atuação dos suspeitos.