"Cada vez que há uma crise, há um salto de pessoas na rua", lamenta Marcelo Rebelo de Sousa

25 dez 2021, 19:24
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com um utente do Centro de Acolhimento de Sem Abrigo de Santa Bárbara durante uma visita a este centro

Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que o efeito da crise sanitária na economia foi um trampolim para a situação de pobreza em que muitas pessoas se encontram

No dia de Natal, o Presidente da República visitou um dos espaços de acolhimento em Lisboa para sem-abrigo.

Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “cada vez que há uma crise, há um salto de pessoas [a viver] na rua”, lamentando o efeito da crise pandémica e da anterior crise económica no número de pessoas que atualmente vivem nas ruas portuguesas.

É evidente que pelo meio aconteceu a crise da pandemia, como antes já tinha sido a crise anterior. Cada vez que há uma crise, há um salto de pessoas na rua”, disse.

Quando questionado sobre o facto de ter colocado 2023 como meta de tirar todos os sem-abrigos da rua, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que o objetivo demorará mais tempo do que o esperado, muito por culpa da pandemia que ainda hoje se faz sentir.

Quando a pandemia aparece em 2020, há que rever as metas e alongar, agora continuou para 2021, alonga outra vez um bocadinho”, lamentou o Presidente da República, afirmando que não é ainda possível saber até quando a meta terá de continuar a ser adiada.

Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que o efeito da crise sanitária na economia foi um trampolim para a situação de pobreza em que muitas pessoas se encontram, afirmando que “a juntar aos que já estavam na rua, juntaram-se [agora] os da restauração, da hotelaria, de vários serviços ou trabalhos assim precários e que, de repente, apareceram, assim em 2020 e estiveram meses [a viver na rua]".

Isto fez com que as metas que se tinham apontado para 2023 se atirassem mais lá para adiante, quanto mais para diante depende da evolução da pandemia”, atirou.

O Presidente da República destacou ainda que verificam-se agora mais jovens nas ruas. “Depois havia outra diferença, eram muito mais novos. Na rua havia uma média de idades acima dos 50, 60 até 70 anos e, de repente, aparecia gente com 20 anos na rua, portugueses e estrangeiros”, continuou.

Minutos antes, Marcelo Rebelo de Sousa esteve à conversa com um jovem de 20 anos que ficou sem-abrigo após a família não aceitar o facto de ser transsexual.

O Presidente da República, que tinha já afirmado querer tirar todos os sem-abrigo das ruas portuguesas até 2023, prestou declarações no âmbito da visita ao Centro de Acolhimento de Sem Abrigo de Santa Bárbara, em Arroios (Lisboa). Marcelo Rebelo de Sousa esteve acompanhado de Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa.

A câmara de Lisboa fechou dois dos quatro dos centros de acolhimento que tinham sido abertos durante a pandemia. O encerramento destas unidades de apoio a sem-abrigos deveu-se, sobretudo, à falta de condições.

No final de 2020, havia em Portugal 8.209 pessoas em situação de sem-abrigo

De acordo com o levantamento nacional efetuado junto das autarquias e agora disponibilizado no portal da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA), o número de sem-abrigo terá aumentado consideravelmente face às 7.100 pessoas identificadas nesta situação em 2019. 

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