Advogada do ex-banqueiro pediu libertação sob fiança
A audiência de João Rendeiro foi adiada para esta terça-feira, a pedido da defesa. O antigo presidente do Banco Privado Português (BPP) esteve no tribunal durante cerca de três horas e meia, mas acabou por não ser ouvido na audiência, com a advogada a pedir mais tempo para consultar todo o processo.
O ex-banqueiro vai voltar a ser presente a tribunal às 11:00 locais, mais duas horas que em Portugal Continental. Apesar do adiamento da audiência, João Rendeiro teve mesmo de ficar no tribunal durante todo o período da audiência geral, que terminou por volta das 15:00 locais desta segunda-feira.
A advogada de João Rendeiro, June Marks, requereu ao tribunal Verulam Magistrates também a libertação do seu cliente sob fiança.
Ambas as informações foram confirmadas pela porta-voz do Ministério Público sul-africano, Natasha Kara, que adiantou ainda que a questão da fiança também foi um dos motivos para o adiamento da audiência prevista para esta segunda-feira. No entanto, de acordo com a responsável, a acusação não pretende a hipótese de saída sob fiança "devido ao histórico de processos e condenações".
Em relação a uma eventual decisão desse processo, a porta-voz explicou que não é uma situação que se resolva num dia, ainda que o tribunal espere poder concluir a questão até ao fim desta semana.
Uma audiência que começou atrapalhada
João Rendeiro entrou na sala B do segundo andar do Tribunal de Verulam, Durban, com uma queda aparatosa, ao tropeçar na passagem para o banco dos réus.
Um dos membros da sua equipa de defesa pegou-lhe por um braço e levantou-o do chão para uma audiência que começou às 11:40 (09:40 em Lisboa) e durou cerca de 15 minutos.
Os dois trocaram algumas palavras, breves, e quando todos se levantaram ao ser anunciada a entrada do juiz, o ex-banqueiro ainda verificava no braço se tinha mazelas da queda.
Rendeiro entrou de camisa polo cor-de-rosa de manga curta e com uma pequena mochila que manteve sempre ao seu lado no banco dos réus.
Em inglês, João Rendeiro disse, ao ser questionado pelo juiz, que entendia as acusações que o procurador expunha e mais não referiu, nem no banco dos réus, nem à saída, quando questionado por um jornalista: "está arrependido?".
Sempre com máscara facial, como todos ali presentes por causa da covid-19, Rendeiro saiu da sala à qual voltará na terça-feira, regressando à esquadra de North Durban, a 18 quilómetros do tribunal, e onde partilha uma cela com outras duas pessoas, disse hoje à Lusa uma fonte próxima do ex-banqueiro.
João Rendeiro foi detido no sábado num hotel de cinco estrelas em Durban quase três meses depois de ter saído de Portugal.
O antigo presidente do BPP foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, um deles já transitado em julgado, tendo o tribunal dado como provado que retirou daquela instituição 13,61 milhões de euros.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.