Ministério da Energia da Argélia alega que qualquer transporte de gás natural argelino entregue a Espanha, cujo destino seja diferente do previsto, será considerado uma violação dos compromissos contratuais entre os dois países
A Argélia ameaçou rescindir o contrato de fornecimento de gás a Espanha, se o governo de Pedro Sánchez utilizar o gasoduto do Magrebe para fornecer gás argelino a Marrocos.
Segundo noticia do El Mundo, o Ministério da Energia da Argélia advertiu, em comunicado divulgado pela agência estatal de notícias, que tomou conhecimento através de um e-mail enviado pela vice-presidente de Transição Ecológica espanhola, Teresa Ribera, que a Espanha vai reabrir o gasoduto marroquino nas próximas horas desta quarta-feira no sentido inverso - ou seja, para entregar gás a Marrocos.
"Qualquer transporte de gás natural argelino entregue a Espanha, cujo destino seja diferente do previsto nos contratos, será considerado uma violação dos compromissos contratuais e, consequentemente, poderá levar à violação do contrato que vincula a Sonatrach aos seus clientes espanhóis", adverte a agência.
Esta não é, contudo, a primeira vez que a Argélia ameaça cortar o fornecimento de gás a Espanha. Já no passado mês de fevereiro, quando o executivo espanhol abriu a porta ao envio de gás a Marrocos para reforçar as relações bilaterais, o país africano avisou que não iria permitir que "nem uma molécula" do seu gás fosse enviada para o país vizinho.
Fontes do governo espanhol explicaram ao El Mundo que o gás que será enviado para Marrocos não virá em caso algum da Argélia, mas sim de outros produtores internacionais e que o plano é que este desembarque em Espanha na forma de Gás Natural Liquefeito (GNL) e, a partir de lá, passe pelo gasoduto. “Com total transparência, Marrocos poderá adquirir GNL nos mercados internacionais, descarregá-lo numa central de regaseificação peninsular e utilizar o gasoduto do Magrebe para chegar ao seu território”, explicaram estas fontes.
O gasoduto que a Argélia ameaça encerrar liga também Portugal ao país. Portugal está a ser abastecido de GNL por navio, mas, a prazo, este corte pode vir a ser prejudical também para os portugueses.
