Ansiedade, depressão e sono: estudo sobre mães mostra como está tudo ligado

Alexandra Mae Jones da CTVNews.ca
31 jan 2022, 22:00
O estudo de A. Roger Ekirch sugere que a prática de dormir a noite toda não era dominante até há apenas algumas centenas de anos. Foto: John Fedele/The Image Bank RF/Getty Images

Uma mulher que tenha sido mãe recentemente pode dizer-lhe que dormir é um factor crucial na forma como se sente. Contudo, um novo estudo descobriu que certas mudanças no sono e no ritmo biológico estão associadas à gravidade dos sintomas de ansiedade e depressão, quer durante o final da gravidez, quer durante os primeiros meses após o nascimento de um bebé.

O estudo, publicado no “Journal of Clinical Psychiatry”, acompanhou 73 mulheres em Hamilton, Ontário, desde o terceiro trimestre de gravidez até ao período entre as seis e as doze semanas após o parto.

Os investigadores dizem que este estudo é um dos maiores ao nível da pesquisa sobre como o sono afeta o humor durante a fase peri-parto. Este termo abrange o período imediatamente anterior, durante e após o nascimento de uma criança.

Constatou-se que ser-se mais ativo durante a noite e as mudanças no ritmo circadiano estavam ligados a sintomas depressivos mais elevados.

"As nossas descobertas destacam a importância da estabilização do relógio biológico interno durante o período peri-parto, de forma a manter-se um humor saudável e de maneira a minimizar-se a ansiedade", disse Benicio Frey, autor do estudo e professor no Departamento de Psiquiatria e Neurociências Comportamentais da Universidade McMaster, num comunicado à imprensa.

“Dadas as descobertas, os esforços futuros devem ser feitos no sentido de haver um padrão nas intervenções. Deve ter-se como objetivo essas variáveis do ritmo biológico identificadas pela nossa equipa, quer seja como um tratamento, quer seja como uma estratégia de prevenção.”

O ritmo circadiano dita a maneira como o nosso corpo entende quando está cansado e quando se deve dormir num período de 24 horas. Se isto for ignorado, pode ter efeitos prejudiciais.

O estudo afirma que os três meses anteriores e após o parto são o período mais vulnerável para a saúde mental dos pais em questão.

De acordo com a publicação, cerca de 15 a 18% das mulheres sentiram ansiedade durante o período peri-parto.

Para o estudo, os investigadores selecionaram 100 mulheres do Ontário entre novembro de 2015 e maio de 2018. Dessa amostra, 73 mulheres voltaram para serem seguidas entre a primeira e a terceira semanas e entre a sexta e a décima segunda semanas após o parto, num total de três visitas.

Pediu-se às participantes para relatarem os seus sintomas de depressão e ansiedade, bem como as suas experiências relativamente à qualidade do sono. Para além disso, em cada uma das três visitas, as participantes receberam um sensor de actimetria para usarem durante duas semanas. Este dispositivo pode ser usado no pulso e serve para medir, de forma objetiva, os níveis de sono.

Um aspeto interessante disto foi a descoberta, por parte dos investigadores, de que diferentes ritmos biológicos eram importantes para os sintomas depressivos, em alturas diferentes do estudo. Isto é, se a participante se encontrava entre a primeira ou a terceira semanas ou entre a sexta e a décima segundas semanas após o parto.

Descobriu-se que, entre a sexta e a décima segunda semanas, caso se tivesse um sono mais fragmentado, estas interrupções estavam ligadas à diminuição dos sintomas depressivos. Os investigadores sugeriram que, embora isso pudesse parecer contraditório, podia acontecer porque as mães que não sofriam de depressão poderiam ter sido mais capazes de responder às necessidades dos bebés durante a noite.

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