Ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Como está a saúde mental dos mais jovens?

1 jan 2022, 07:00
Saúde mental

São jovens, têm uma vida pela frente, mas vivem presos à ansiedade, ao stress, à pressão. A saúde mental dos adolescentes e jovens adultos vive a reboque da precariedade e da inexistência de um futuro promissor e a fatura já se começa a pagar: quase um quarto dos portugueses entre os 15 e os 34 anos já pensou ou tentou suicidar-se e 26% já tomou medicamentos para a ansiedade. Este tem de ser um tema de conversa em 2022, dizem os especialistas

“É a sensação de não conseguires mudar a tua realidade, não tens força, mas tens de continuar a viver”. Foi assim que Ana Patrícia Cardoso passou os seus primeiros anos de vida adulta, uma forma de estar que se arrastou e com ela levou o ânimo, o propósito, o bem-estar.

Um emprego precário, uma vida de excessos, relações amorosas sem futuro e amizades tóxicas foram a gota de água, o cocktail explosivo que levaram a produtora de conteúdos ao limite, já ele estimulado por uma ansiedade anteriormente diagnosticada e um alcoolismo que se fez sobressair nos momentos mais difíceis. “Quando se tem depressão ou burnout temos de nos agarrar a alguma coisa que faça parar de doer, que nos faça sair anestesiado e o álcool pode ajudar”, reconhece Ana Patrícia Cardoso de 34 anos.

A saúde mental tem vindo a ser tema de debate nos últimos anos - e figurou mesmo na mensagem de Natal de Marcelo Rebelo de Sousa -, uma conversa que acontece a dois ritmos e que é ainda muito sussurrada, embora as redes sociais tenham ajudado a trazer o tema para o leque de preocupações um pouco por todo o mundo.

Segundo os dados recentemente apresentados pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) no retrato Os jovens em Portugal, hoje: Quem são, que hábitos têm, o que pensam e o que sentem, coordenado por Laura Sagnier e Alex Morell, a saúde mental dos jovens portugueses precisa de mais atenção. Dizem os dados que 12% dos jovens entre os 15 e os 34 anos já auto-infligiram lesões corporais, 5% sofreram de transtornos alimentares e mais de metade está insatisfeito com o próprio corpo. Mas as questões da saúde mental não se ficam por aqui: 30% já tomaram medicamentos para o sono e 26% para a ansiedade e depressão.

A pressão é um dos fatores em jogo e aquele que, segundo os especialistas, mais peso tem desde cedo: pressão para ter boas notas, pressão para não desiludir os pais, pressão para arranjar um emprego, pressão para ser um adulto bem-sucedido. 

“Ora, isto nem sempre acontece e gera uma enorme ansiedade, frustração e desânimo. Os nossos jovens têm de decidir qual o curso a seguir nos seus estudos quando têm apenas 15 anos e muitos deles não sabem que curso escolher e o que fazer. No entanto, para responder às expectativas familiares e sociais acabam num curso que não lhes diz nada; desistem e sentem-se desadaptados e vazios”, diz Maria Gouveia, psicoterapeuta individual e terapeuta familiar e de casal e também professora no ISPA-Instituto Universitário.

A precariedade laboral, que impede a progressão de carreira e qualquer aumento salarial, traz, a reboque, a dificuldade em sair de casa dos pais e até a de construir uma família. Esta realidade em que vivem muitos jovens portugueses é um dos principais aspetos destacados pelo estudo da FFMS e apontado pelos especialistas entrevistados pela CNN Portugal como gatilho para uma saúde mental mais frágil no começo da vida adulta.

“Passas os vintes em constante precariedade, a questionar o teu valor, com chefias que te fazem chegar ao limite físico e emocional. Somos uma geração que chega a um ponto em que, com esta idade, não está em segurança, sobretudo se estiveres sozinha. E isto é triste”, lamenta Ana Patrícia.

Mas o começo da vida laboral é apenas a ponta de um icebergue que vai crescendo submerso desde os tempos da escola. “A minha ansiedade tem a ver com a aprovação de terceiros e de não me sentir bem comigo própria, querer atingir a perfeição”, conta Maria do Carmo Candeias, de 25 anos. “Desde que tenho memória que tenho ansiedade bastante severa, principalmente relacionada com questões escolares, momentos de avaliação. Senti desde muito pequena a pressão de ser perfeita, o meu valor dependia da aprovação de terceiros”, lamenta.

“A pressão é uma questão muito pertinente e pré-pandemia. Os alunos andavam stressados com as notas, os nossos jovens eram dos que pensavam que trabalhavam para as notas, em vez de aprender”, colocando o resultado final como bitola do sucesso, afirma a professora Margarida Gaspar de Matos, psicóloga clínica e da saúde, especializada em jovens e catedrática na Universidade de Lisboa.

Para a especialista, responsável pela Task Force de Ciências Comportamentais aplicada ao contexto da pandemia de COVID-19, o sistema de ensino tem de mudar, uma vez que os alunos “não são ensinados a lidar com o fracasso e isso devia ser um papel da escola e da universidade”. Face ao insucesso, muitas vezes nas notas, “jovens ficam entre a fúria, o desespero e a depressão em vez de se sentirem estimulados”.

“Nós, enquanto sociedade, estamos a passar valores de que os jovens têm de ser os melhores e isto gera também um enorme stress e ansiedade”, lamenta Maria Gouveia, professora no ISPA-Instituto Universitário. Para a especialista, quando os jovens “não conseguem alcançar o que desejam interiorizam o sentimento de que isso acontece porque não merecem (não são merecedores de melhores resultados) e porque não têm valor enquanto pessoa”. 

“Hoje há mais ansiedade em jovens porque o ambiente escolar é mais competitivo e as avaliações são standardizadas e limitativas, não avaliam determinados tipo de inteligência. As capacidades fora do que é avaliado não são tidas em conta”, lamenta Maria do Carmo Candeias, que está atualmente a fazer a sua segunda licenciatura.

A incompreensão que começa entre quem é mais próximo

Embora a ansiedade se tenha manifestado muito cedo, Maria do Carmo Candeias reconhece que a falta de informação por parte de quem a rodeava atrasou a resposta a um problema que viria a arrastar-se até aos dias de hoje. 

“Os adultos à minha volta não estavam preparados para responder a isso, não tinham informação suficiente, não sabiam que o melhor era direcionar-me para terapia”, lamenta.

Mas se os adultos não compreendiam, as crianças muito menos. E Maria do Carmo sentiu na pele o estigma e até mesmo o gozo que ainda circula em torno da saúde mental. “No sétimo, oitavo ano eu era conhecida como ser a aluna nervosa, quase uma piada geral”, diz.

A psicoterapeuta e terapeuta familiar Maria Gouveia defende que é necessário um “investimento em campanhas e ações de prevenção relativamente aos comportamentos de risco”, seja nas escolas ou até mesmo junto das famílias, porque, continua, “os pais não conseguem identificar/descodificar as dificuldades/problemas dos seus filhos e os sinais de alarme (exemplos: a tristeza persistente, isolamento social, perturbações do sono e alimentares, baixo rendimento escolar abrupto, etc.). Ou ainda, quando os pais conseguem identificar os sinais de alarme, muitas vezes, também não sabem o que fazer com esse sinais, ou não os valorizam devidamente. A maioria das vezes os pais sentem-se muito sozinhos”.

Já no secundário, a ansiedade de Maria do Carmo continuou, sobretudo em momentos de pressão como os testes e exames. E, mais uma vez, ninguém à volta compreendia. “Nunca me direcionaram para serviços de psicologia, não me direcionaram para nada, os professores viam os sintomas de ansiedade e o máximo que me disseram foi para os meus pais me darem um calmante antes dos testes”, lembra.

Apesar de reconhecer que hoje o tema da saúde mental ganha um pouco mais de destaque, a estudante acredita que isso acontece apenas na esfera pública e raramente na privada, entre paredes e quando mais é necessário. “Tentava explicar o que estava na minha cabeça, que tipo de pensamentos tinha, que são pensamentos intrusivos, têm quase uma vontade própria e surgem sem querermos, e as pessoas à minha volta diziam ‘desculpa mas não consigo compreender’. Nada disto é fácil, envolve muita tentativa-erro”, desabafa a jovem natural de Elvas, mas agora a viver em Lisboa.

Também Ana Patrícia Cardoso sentiu o impacto da incompreensão, dos comentários que não resultaram em atos de ajuda. Quando percebeu que a depressão e o alcoolismo estavam a tomar as rédeas da sua vida, numa união mais poderosa do que com aquela que conseguiria lutar, a produtora de conteúdos voltou à terapia, uma casa que não lhe é estranha e que tem servido de amparo nos últimos anos. Corria o ano 2018 e o seu estado era já notório aos olhos dos outros: “as pessoas à minha volta comentavam, mas nunca no facto de eu estar doente. As pessoas não percebiam que era doença e que eu não estava a controlar a minha situação”, lamenta.

O problema que não é de hoje e que a pandemia agravou

O peso das doenças mentais é de 22,5% no total das patologias, relativamente aos anos vividos com incapacidade, adianta a Ordem dos Psicólogos Portugueses. O impacto da pandemia ainda está a ser estudado, mas os especialistas apontam para um aumento da frequência e gravidade dos problemas do foro mental.

“Há miúdos que tinham uma patologia mental que ficaram sem atendimento durante os confinamentos. Agora, há uma incidência de patologia mais pesada e sem atendimento devido. É uma situação muito desagradável”, lamenta a professora Margarida Gaspar de Matos, psicóloga clínica e de saúde. “Mesmo pessoas com grande capital interno de resiliência ficam verdadeiramente desgastadas”, continua.

E Maria do Carmo Candeias é um exemplo disso mesmo. “A pandemia, complicou bastante o TOC [transtorno obsessivo compulsivo] relacionado com a higiene”, lamenta, mas continua: “Era como se houvesse sinais de alarme a soar constantemente na minha cabeça, estava sempre em alerta, não havia um momento em que conseguia relaxar, não conseguia fazer a mais simples das ações de forma descontraída, tudo tinha um ritual”. 

O transtorno obsessivo compulsivo de Maria do Carmo não apareceu apenas na pandemia, estava adormecido desde os tempos de secundário, em que episódios de acne e uma insatisfação constante com o seu rosto a faziam lavar a cara e as mãos vezes sem conta, numa ansiedade constante por limpeza.

“A ansiedade em várias faixas etárias tem crescido nestes últimos anos, sobretudo na pandemia. Há uma subida com algum impacto, alguns estudos estimam 20% de incremento de perturbações de ansiedade”, reconhece o psicólogo clínico e psicoterapeuta Nuno Mendes Duarte, também sócio-gerente e diretor clínico da Oficina de Psicologia, em Lisboa.

O impacto da covid-19 na saúde mental dos jovens é algo que a própria UNICEF diz que irá fazer-se sentir durante anos e a verdade é que o acesso a consultas de psicologia fora do âmbito privado continua a ser um dos principais calcanhares de Aquiles da saúde mental em Portugal. 

“Há uma preocupação que tem vindo a ser veiculada pelos psicólogos que é a dificuldade de acesso a serviços de psicologia que não sejam no privado”, diz Nuno Mendes Duarte, apontando este como um dos entraves à procura de ajuda profissionalizada e atempada, dois fatores fundamentais para o correto diagnóstico e tratamento. “A resposta no SNS é manifestamente insuficiente”, frisa. 

Para a professora Maria Gouveia, a solução passa pela aposta, seja na prevenção, como nas relações familiares, um pilar muitas vezes inexistente. “O serviço público de saúde mental tem de funcionar com o objetivo de resolver os problemas e não apenas de atenuar sintomas. A resolução dos problemas tem de ser feita através de mudanças políticas, económicas e sociais de modo a que seja possível a prevenção da doença mental”, diz, continuando: “é importante também referir que as famílias precisam de ter mais tempo de qualidade com os seus filhos para que possam desenvolver uma comunicação respeitosa e positiva, um clima de coesão e cooperação entre todos”.

Olhando para o impacto da pandemia, que ainda hoje se faz sentir aos mais variados níveis, a professora Margarida Gaspar de Matos reconhece ainda que “temos de aprender a lidar com a incerteza, mas com uma incerteza que tem de ser prudente”, uma espécie de “flexibilidade psicológica”, que é “como ter um conjunto de propostas que nos protejam do ponto de vista psicológico e físico” face ao que nos rodeia.

O estigma que ainda existe, até mesmo entre quem precisa de ajuda

“Muitas vezes, mesmo quando existe psicopatologia o pedido de ajuda a profissionais de saúde é tardio e o diagnóstico não é feito atempadamente”, diz Maria Gouveia, Psicoterapeuta individual e terapeuta familiar e de casal.

No caso de Maria do Carmo Candeias, foi a mãe quem deu o passo, mas já a jovem estava na faculdade. “No final do segundo ano já estava num estado muito mau e foi a minha mãe que finalmente me marcou uma consulta com uma psicóloga e comecei a ter psicoterapia, mas não comecei com medicação, tinha uma ideia errada de medicação, talvez baseada em preconceitos, também com medo que mudasse algo em mim, a minha personalidade, tinha uma aversão enorme à medicação”.

Essa aversão, reconhece, é um espelho da forma como a sociedade encara a saúde mental e as necessidades de tratamento, uma visão redutora que também tinham as pessoas que lhe eram próximas. “Há muito preconceito e estereótipo em relação a isso, vejo nas pessoas à minha volta, há muito tabu, sobretudo relacionado com o tomar medicamentos”, diz.

Mas foi a inclusão de medicação no seu estilo de vida, já com o devido acompanhamento, que devolveu algum ânimo e estabilidade a Maria do Carmo. “A minha qualidade de vida era de tal modo inexistente que pensei que tinha de tentar mais. Falei com o médico acerca das minhas preocupações, acerca dos medicamentos, um antidepressivo que se dá para TOC. Comecei a tomar os medicamentos e foi a junção da terapia e dos medicamentos que me fez melhorar e devolveu uma grande qualidade de vida”.

Para Ana Patrícia Cardoso é fundamental “falar abertamente” sobre saúde mental, adições, estilos de vida. “Sim, isto aconteceu comigo, mas sou uma pessoa normal, estou é doente. Lidei com muito julgamento, pessoas que diziam que não sabiam que eu estava assim, claro que não sabiam, porque não temos ferramentas para lidar”, reconhece a produtora de conteúdos.

“Devíamos fazer terapia como prevenção, há sempre algo para desabafar, construir e desconstruir”, diz, frisando que as conversas com os amigos são importantes, mas que esse não deve ser o caminho.

O tema da saúde mental deve ser levado mais a sério e a professora Maria Gouveia defende que tanto “a questão da saúde mental dos jovens, tal como muitos dos seus comportamentos de risco têm de ser considerados como questões de saúde pública”.  

“Um estudo meu e de uma aluna minha de doutoramento, muito recente, mostra que os nossos jovens com comportamentos autolesivos (são comportamentos auto-dirigidos com o intuito de lesionar o próprio corpo e que têm sempre subjacente um enorme sofrimento psicológico) apresentam vários motivos para não pedir ajuda: vergonha, medo de não serem compreendidos, não querem desiludir ou sobrecarregar os pais, estigma social (receio de serem considerados loucos) e a ilusão de que vão conseguir resolver os seus problemas sozinhos”, explica, reconhecendo que “pedir ajuda a um profissional de saúde ainda, muitas vezes, é considerado como uma fraqueza”. E é este estigma que deve cair por terra, defende. “Pedir ajuda, quando ela é necessária, é um sinal de força e não de fraqueza. Esta crença também precisa de ser alterada”.

O tema tabu que merece atenção

Segundo os dados do retrato levado a cabo pela FFMS, um em cada quatro jovens portugueses (23%) já pensou ou tentou suicidar-se. Os números são vistos pelos especialistas como alarmantes.

Para Maria Gouveia, professora no ISPA-Instituto Universitário, “os dados são bastante preocupantes. (...) São jovens que estão num enorme sofrimento psicológico e que não podemos desvalorizar. Muitas das suas preocupações estão ligadas com a sua insatisfação com a vida e com um vazio existencial”.

E esse vazio é, muitas vezes, descrito como um poço sem fim por quem o sente, um buraco negro cuja luz não entra e cuja gravidade empurra com cada vez mais força para o fundo. “Ter uma depressão é uma tristeza muito grande da qual não se consegue sair. É como se carregasse sempre uma pessoa às costas, estás a levar-te em esforço, não sabes como fazê-lo sozinha. Sabotas-te, não tens os mecanismos para entender o que é bom e o que é mau, o que leva a relações muito tóxicas, é uma bola de neve tão grande que se prolonga no tempo. Continuas a acordar, tomar banho, trabalhar, conviver com as pessoas, pareces bem. Eu sugava a energia boa das pessoas e depois ia para casa e não tinha nada, a tua realidade é vazia”. Ana Patrícia tenta explicar por palavras o que sentiu durante anos e que, em 2019, culminou no episódio que mais a marcou, mas que a fez parar, pensar e mudar.

Naquela altura, reconhece, “o álcool era já uma bengala, bebia sozinha em casa, estava tão sozinha e depressiva”, mas houve uma noite em que a bebida não foi a única companhia. “Tomei 30 Xanax com uma garrafa de vinho e mandei um vídeo a quatro pessoas a dizer adeus. Não me lembro deste momento, mas imagino de onde veio, quando tentas acabar com a tua vida significa que não consegues mais estar na pele onde habitas, o que é horrível, o mundo tem tantas possibilidades, mas naquele momento não há e não tens forças, só queria deixar de sentir”, recorda.

“Acordei numa poça de chichi, com uma ferida na cabeça depois de desmaiar, e super fraca, mas sem saber o que se tinha passado. As pessoas que receberam os vídeos tinham acionado os meus pais. Tomei um banho e tive de ir para o hospital, onde passei a noite a levar soro. A realidade cai-te em cima quando passas a noite na urgência do Santa Maria com bêbedos e sem-abrigo porque te tentaste matar. Mas lá no fundo sabes que não és aquilo, mas tens empatia pela pessoa que o fez”, continua.

De acordo com os dados do estudo da FFMS, os jovens que tentaram acabar com a sua vida ou pensaram nisso são 29% das mulheres e 17% dos homens. Sendo que “a proporção dos jovens que tentaram acabar com a vida ou pensaram nisso dispara entre os jovens que reúnem as seguintes características: 1) não se sentem satisfeitos com algum dos dois progenitores ou com nenhum deles; 2) são homossexuais, bissexuais ou assexuais; 3) os seus valores e forma de ser pertencem a alguma das duas tipologias de inseguros (sejam «solitários» ou modernos)”, lê-se no estudo. 

Para Maria do Carmo, tudo o que diz respeito à saúde mental envolve esforço e superação, por parte de quem está fragilizado, mas também de quem está por perto. É uma vida de altos e baixos, de aprendizagem e erros, um trabalho constante que é colocado à prova a cada sinal de insegurança, mas que, diz, com o devido acompanhamento consegue ser alcançado com sucesso, mesmo que esse sucesso tenha de voltar a ser conquistado no dia seguinte, e no próximo e no próximo.

“Consegui chegar à conclusão que o meu valor não depende daquela nota, eu não sou aquele 17 ou aquele 18, não é a aprovação que determina o meu valor”, reconhece agora Maria do Carmo Candeias, que fala abertamente de saúde mental nas redes sociais. “Não tenho vergonha de nada do que passei, tenho orgulho em tudo o que superei, porque foi difícil, mas tive uma grande recuperação e trabalhei muito nesse sentido. Estou orgulhosa no que ultrapasso todos os dias. Se não consigo, sei perdoar a mim própria”, garante.

“Estes três anos, faz em fevereiro, mudaram a minha vida”, diz Ana Patrícia Cardoso, que faz terapia e está “completamente sóbria”. Deixou as amizades tóxicas e o estilo de vida de excessos e mudou-se para o campo, onde trabalha remotamente, vive com sete cães - “um amor condicional que não implica jogo de cintura” - e onde conseguiu encontrar o seu propósito: o seu próprio bem-estar. “Eu sou o meu melhor projeto e a minha melhor amiga, sei mais e melhor do que há três anos”, conclui.


 

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