No dia em que foi ilibado de tudo, Azeredo diz que não foi por causa de Tancos que se demitiu

7 jan 2022, 12:23

Estava acusado de quatro crimes

O antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes foi absolvido esta sexta-feira dos quatro crimes de que estava acusado no processo do assalto aos paióis de Tancos. À saída do Tribunal de Santarém, o ex-governante afirmou que entrou no processo de “cabeça levantada”, dizendo que essa foi a forma como passou por todo o caso e também a maneira como sai dele.

Em declarações aos jornalistas, o ex-ministro diz que sai do processo “sem reparo”, o que “individualmente é muito importante”. Recusando que a questão de Tancos tenha motivado a sua demissão do Ministério da Defesa, garante que “não houve qualquer falha ética”. “Não tive de me demitir por causa de processo nenhum, por causa de Tancos.”

Azeredo Lopes estava acusado dos crimes de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal. Quando soube da absolvição - que tinha sido pedida pelo Ministério Público - respirou fundo na sala de audiências. O ex-ministro diz mesmo que a decisão do Ministério Público e do coletivo de juízes vem confirmar que tudo o que ele sempre disse era a verdade.

A sessão desta sexta-feira marca o fim de um processo longo e que teve vários episódios caricatos, desde o desaparecimento de armas de uma instalação do Exército até ao aparecimento das mesmas, meses mais tarde, tendo sido encontradas mais armas do que as que tinham sido declaradas como roubadas.

O caso visava ainda o antigo diretor da Polícia Judiciária Militar Luís Vieira e o ex-porta-voz desta instituição militar Vasco Brazão, além de elementos da GNR de Loulé e do Porto. Em causa estava um conjunto de crimes, como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Alguns arguidos eram acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais, enquanto outros, entre os quais Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo ministerial no seguimento do processo, e os dois elementos da Polícia Judiciária Militar, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O assalto terá envolvido 10 pessoas, entre os quais o cabecilha do grupo, João Paulino.

O furto das armas foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a recuperação de algum material sido feita na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a Polícia Judiciária Militar em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Entre o total de 249 testemunhas arroladas por Ministério Público (113) e defesa (136) estiveram o Presidente da República e o primeiro-ministro, que prestaram depoimento por escrito.

O processo chegou à distribuição com 22.497 páginas.

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